segunda-feira, 30 de março de 2009

Descobertas 56 novas espécies animais e vegetais

Foto: Reuters
Esta aranha, uma das 50 descobertas, consegue dar saltos de 15 centímetros

26.03.2009
PÚBLICO

Cinquenta e seis espécies animais e vegetais foram descobertas durante uma expedição científica de dois meses nas florestas virgens da Papua Nova Guiné. São aranhas, sapos e plantas sobre os quais nunca tinha sido feito qualquer registo, anunciou ontem a Conservation International, que organizou a expedição.
Cientistas britânicos e canadianos deslocaram-se às ilhas do Pacífico para, em conjunto com cientistas locais, explorarem territórios tropicais virgens que possuem uma vasta riqueza de fauna e flora. Cinquenta aranhas, três sapos, duas plantas e um lagarto até agora desconhecidos foram o resultado da investigação, feita no ano de 2008.“Quando se encontra algo novo tão grandioso e espectacular, é uma prova de que há muito mais por aí que desconhecemos”, afirmou o cientista que liderou a expedição, Steve Richards, citado pelo diário espanhol "El Mundo".Aranhas que podem dar saltos de 15 centímetros, sapos com um coaxar muito alto e lagartos que têm os dedos tortos são alguns exemplos do que foi encontrado nas ilhas da Papua Nova Guiné.Além disso, cerca de 600 espécies foram também alvo de estudo, com o intuito de aumentar a documentação científica existente sobre elas. A maior parte das florestas da Papua permanecem intactas graças ao cuidado das tribos locais. São tribos que dependem da vida selvagem para caçar e colher fruta e vegetais. “É o profundo conhecimento que possuem da área em que habitam que os leva a preservar a vida selvagem e o meio ambiente”, afimou à AFP Bruce Beehler, da Conservation International. O papel destas florestas no que diz respeito ao abrandamento das alterações climáticas é fundamental, uma vez que absorvem enormes quantidades de dióxido de carbono.Desde 1990 foram realizadas pela Conservation International mais de 60 expedições pelo mundo que levaram à descoberta de cerca de 700 espécies provavelmente novas para a ciência. Neste momento estão planeadas mais três expedições já a partir do mês de Abril.

Programa de reflorestação quer pôr consumidores a plantar árvores em quatro áreas protegidas

Foto: PÚBLICO
Anabela Trindade lembrou a importância dos serviços ambientais prestados pela biodiversidade
27.03.2009
Helena Geraldes

Nos últimos sete anos, a Água Serra da Estrela promoveu a plantação de mais de 897 mil árvores nas áreas protegidas do país. Este ano quer chegar à meta de um milhão. Para isso vai lançar um desafio nacional para, a 4 de Abril, pôr os consumidores a plantar as árvores que faltam nos Parques Naturais de Sintra-Cascais, Litoral Norte, Arzila e Ria Formosa.
O programa partiu, em 2002, daquilo que era um hábito dos colaboradores da unidade de engarrafamento, inserida no Parque Natural da Serra da Estrela. Depois alargou-se a outras áreas protegidas com a ajuda do Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB). Este ano a plantação das restantes árvores será feita pela mão de quem compra a garrafa de água. “Sentimos necessidade de envolver ainda mais os consumidores que são chamados a passar um dia diferente e em família numa das quatro áreas protegidas possíveis”, explicou ao PÚBLICO Ana Filipa Domingos, gestora da marca Água da Serra da Estrela.O desafio “Venha plantar uma árvore connosco” foi lançado em 30 hipermercados em Lisboa, Porto, Coimbra e Portimão, nos dias 20, 21, 27 e 28 de Março. A 4 de Abril, equipas do ICNB estarão nos quatro parques naturais a orientar os cidadãos, indicando quais as árvores e os locais mais adequados, em função da época do ano.Segundo explicou a responsável, tem sido o ICNB a entidade que assegura a correcta plantação das 897.487 árvores que, desde 2002, os consumidores daquela água doaram às serras portuguesas. “É o ICNB que decide onde as vai plantar, em função das necessidades de cada parque natural”. A condição é que 50 por cento sejam plantadas na Serra da Estrela.Anabela Trindade, vice-presidente do ICNB salientou a importância desta iniciativa para “sensibilizar os consumidores para um bem público”, chamando a atenção para a “importância dos serviços ambientais prestados pela biodiversidade”, como a qualidade da água. “Conservar a natureza deve ser uma responsabilidade partilhada e não uma tarefa exclusiva do ICNB”, comentou.Depois de atingir um milhão de árvores plantas, a Água Serra da Estrela ainda não adiantou o que irá fazer mas Ana Filipa Domingos garantiu que o programa de reflorestação é para continuar.

Estados Unidos e Portugal lançam observatório climático móvel na ilha Graciosa

Foto: PÚBLICO
O laboratório será instalado no aeródromo da ilha Graciosa

27.03.2009
PÚBLICO
Os Estados Unidos e Portugal assinaram esta manhã um acordo para instalar na ilha Graciosa, nos Açores, um observatório climático móvel que, a partir de Maio e durante 20 meses, vai medir algumas propriedades das nuvens de baixa altitude. O objectivo é ajudar a melhorar os modelos climáticos actuais.
O observatório móvel, ou Atmospheric Radiation Measurement (ARM) Mobile Facility, é responsabilidade da Unidade de investigação climática do Departamento de Energia norte-americano (DOE), que tem vários instrumentos para recolher dados espalhados pelo mundo. A ilha Graciosa passa, assim, a integrar uma rede de cinco locais móveis de medição.Este laboratório será instalado no aeródromo da ilha Graciosa, escolhido por ser a zona mais plana do arquipélago, e vai estudar o sistema estratiforme de nuvens de baixa altitude sobre os oceanos subtropicais, ainda pouco estudados nos modelos climáticos, explica o portal do governo açoriano.O acordo foi assinado esta manhã por José Contente, secretário regional da Ciência, Tecnologia e Equipamentos, e por David Ballard, da embaixada dos Estados Unidos em Lisboa, em Ponta Delgada. A iniciativa, no âmbito do Acordo de Cooperação e Defesa entre Portugal e os Estados Unidos, formaliza a colaboração científica entre o DOE e a Universidade dos Açores.Estas medições deverão ajudar a compreender melhor os processos microscópicos que ocorrem nas nuvens e serão utilizadas para testar e melhorar os modelos climáticos actuais, explica um comunicado do DOE. Os investigadores esperam ficar a saber mais sobre a forma como as nuvens interferem com o aumento da temperatura dos oceanos à superfície, gases com efeito de estufa e propriedades dos aerossóis. Para conseguirem fazer previsões mais rigorosas do clima do futuro, os cientistas precisam de compreender melhor os elementos dinâmicos que controlam o ciclo de vida deste tipo de nuvens.“A comunidade científica precisa de mais dados sobre estes tipos de nuvens para que os modelos informáticos continuem a melhorar as simulações do clima do futuro”, comentou Anna Palmisano, do Departamento de Investigação Ambiental e Biológica do DOE. “Os instrumentos sofisticados do laboratório, combinados com a duração do projecto, vão oferecer uma oportunidade sem paralelo para preencher esta lacuna”.

Notícias

Uma Aventura na Amazónia (in Editorial Caminho)
n.º 52 Colecção Uma Aventura Vai realizar-se em Manaus um congresso médico e a agência de viagens onde trabalha a mãe das gémeas é que está a organizar o evento. Por isso, a Teresa, a Luísa e o Pedro vão poder acompanhar as respectivas mães à Amazónia! Será que o Chico e o João desta vez ficam em casa? Ou vão poder desfrutar todos juntos do esplendor da maior (e mais fantástica!) floresta do mundo? Uma aventura grandiosíssima no lugar mágico do encontro das águas, com botos, sucuris, pirarucús e uacaris à mistura! Informação sobre as autoras Ana Maria Magalhães nasceu em Lisboa a 14 de Abril de 1946, no seio de uma enorme família onde as crianças ocupavam o primeiro lugar. Iniciou a actividade docente como professora de História de Portugal em 1969, em Moçambique. A par de uma intensa actividade no domínio da educação, estreou-se como escritora de livros infanto-juvenis em 1982. Isabel Alçada nasceu em Lisboa a 29 de Maio de 1950, sendo a mais velha de três irmãs. Em 1976 optou por seguir carreira como professora de Português e História. A par de uma intensa actividade no domínio da educação, estreou-se como escritora de livros infanto-juvenis em 1982. Arlindo Fagundes frequentou a Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, e formou-se como realizador de cinema no Conservatoire Libre du Cinéma Français, em Paris. Ainda estudante, iniciou-se profissionalmente nas Artes Gráficas e no Design Gráfico. A estas actividades viriam a juntar-se mais tarde a Cerâmica e a Escultura
In Editorial Caminho
25-03-2009


«Leite Derramado» é o novo livro de Chico Buarque (in Publico.pt)
O cantor, compositor e escritor brasileiro Chico Buarque lança, a 28 de Março, no Brasil, o seu novo livro "Leite Derramado". A informação sobre a obra foi divulgada no site da editora do livro, Companhia das Letras.
Sem adiantar nenhum resumo do livro, que tem aproximadamente 200 páginas, a editora revelou apenas que o romance conta a história de uma família e tem como cenário o Rio de Janeiro.
O último livro lançado por Chico Buarque, “Budapeste” (2003), está a ser adaptado para o cinema. O filme é dirigido por Walter Carvalho e co-prodizido no Brasil (Nexus), na Hungria (Eurofilm) e em Portugal, através da produtora Stopline Films, de Leonel Vieira, contando com a participação dos actores portugueses Ivo Canelas e Nicolau Breyner. A estreia está prevista para
22 de Maio.
In Publico.pt
04-03-2009


Literatura: Descoberto romance inacabado do escritor David Foster Wallace (in Jornal de Notícias)
Um romance inacabado do escritor norte-americano David Foster Wallace, que se sucidiou em Setembro aos 46 anos, foi encontrado entre os seus documentos pessoais, informou a revista The New Yorker.
A revista, que irá publicar este mês um excerto do romance inédito, dá conta de que o documento foi encontrado pela mulher de David Foster Wallace dois meses depois de o escritor se ter suicidado, em Claremont, na Califórnia.
Intitulado "The pale king", o romance tem cerca de duzentas páginas e deverá ser publicado em 2010 juntamente com as notas e os rascunhos deixados pelo autor.
David Foster Wallace estaria a trabalhar desde 1997 neste terceiro romance, cuja história se centra em funcionários completamente entediados por trabalharem num escritório de cobrança de impostos.
O escritor norte-americano David Foster Wallace, nascido em 1962, deixou publicados vários contos e dois romances, "The Broom of the System" (1987) e "Infinite Jest" (1996), obra de mil páginas que parodia o consumismo da sociedade americana.
In Jornal de Notícias
02-03-2009

UM POUCO DE SILÊNCIO

Nesta trepidante cultura nossa, da agitação e do barulho, gostar de sossego é uma excentricidade.
Sob a pressão do ter de parecer, ter de participar, ter de adquirir, ter de qualquer coisa, assumimos uma infinidade de obrigações. Muitas desnecessárias, outras impossíveis, algumas que não combinam connosco nem nos interessam.
Não há perdão nem amnistia para os que ficam de fora da ciranda: os que não se submetem mas questionam, os que pagam o preço da sua relativa autonomia, os que não se deixam escravizar, pelo menos sem alguma resistência.
O normal é ser actualizado, produtivo e bem informado. É indispensável circular, ser bem-relacionado. Quem não corre com a manada, praticamente nem existe, se não tomar cuidado, põem-no numa jaula: um animal estranho.
Pressionados pelo relógio, pelos compromissos, pela opinião alheia, disparamos sem rumo – ou por trilhos determinadas – como hamsters que se alimentam da sua própria agitação.
Ficar sossegado é perigoso: pode parecer doença. Recolher-se em casa ou dentro de si mesmo ameaça quem apanha um susto de cada vez que examina a sua alma.
Estar sozinho é considerado humilhante, sinal de que não «se arranjou» ninguém – como se a amizade ou o amor se «arranjasse» numa loja.
Além do desgosto pela solidão, temos horror à quietude. Pensamos logo em depressão: quem sabe terapia e antidepressivos? Uma criança que não brinca ou salta ou participa de actividades frenéticas está com algum problema.
O silêncio assusta-nos por retumbar no vazio dentro de nós. Quando nada se move nem faz barulho, notamos as frestas pelas quais nos espiam coisas incómodas e mal--resolvidas, ou se observa outro ângulo de nós mesmos. Damo-nos conta de que não somos apenas figurinhas atarantadas correndo entre a casa, o trabalho e o bar, a praia ou o campo.
Existe em nós, geralmente nem percebido e nada valorizado, algo para além desse que paga contas, faz amor, ganha dinheiro, e come, envelhece, e um dia (mas isso é só para os outros!) vai morrer. Quem é esse que afinal sou eu? Quais os seus desejos e medos, os seus projectos e sonhos?
No susto que essa ideia provoca, queremos ruído, ruídos. Chegamos a casa e ligamos a televisão antes de largarmos a carteira ou a pasta. Não é para assistirmos a um programa: é pela distracção.
O silêncio faz pensar, remexe águas paradas, trazendo à tona sabe Deus que desconcerto nosso. Com medo de vermos quem – ou o que – somos, adiamos o confronto com a nossa alma sem máscaras.
Mas, se aprendermos a gostar um pouco de sossego, descobrimos – em nós e no outro – regiões nem imaginadas, questões fascinantes e não necessariamente negativas.
Nunca esqueci a experiência de quando alguém me pôs a mão no ombro de criança e disse:
— Fica quietinha um momento só, escuta a chuva a chegar.
E ela chegou: intensa e lenta, tornando tudo singularmente novo. A quietude pode ser como essa chuva: nela nos refazemos para voltarmos mais inteiros ao convívio, às tantas frases, às tarefas, aos amores.
Então, por favor, dêem-me isso: um pouco de silêncio bom, para que eu escute o vento nas folhas, a chuva nas lajes, e tudo o que fala muito para além das palavras de todos os textos e da música de todos os sentimentos.
Lya Luft
Pensar é trangredir
Lisboa, Presença, 2005
Texto adaptado

A Voz da Terra

Um rei que vivia solitário, certo dia, lembrou-se de mandar construir um palácio que fosse uma grande maravilha. E para que essa construção ficasse de facto grandiosa, pensou que só poderia erguê-la sobre uma alta coluna cujo alicerce infinitamente forte pudesse, em verdade, sustê-la. Chamando o seu íntimo ajudante, deu-lhe esta ordem:
— Desejo que mandes alguns homens a todas as florestas e bosques do universo a fim de encontrarem a árvore mais ampla e mais alta que houver debaixo do sol. Não te surpreendas, vai.
E trinta rachadores de madeira partiram à procura da árvore gigantesca. Semanas depois, regressaram:
— Encontramos a árvore, mas é impossível transportá-la.
— Levem cavalos para a trazer! – exclamou o rei.
— Não poderiam com ela.
— Algumas centenas de bois?
— Não poderiam com ela.
— Todos os meus elefantes?
— Também não será bastante.
— Pois seja como for; dentro de um prazo de oito dias, quero a árvore aqui! – disse, por fim, com azedume.
E os trinta leais servidores, de cabeça baixa, e em silêncio, partiram para a floresta. Porém uma outra árvore surgiu ainda mais bela. Era uma árvore venerada por todos os habitantes desse pequeno lugar e arredores, porque viviam na ilusão – ou na certeza! – de que um deus nela habitava e que a essa presença divina é que a árvore devia a sua exuberante formosura e o seu aspecto tão alto, tão forte, maravilhoso! Entretanto, o rei ordenou que a derrubassem porque só ela poderia ser a coluna do seu desejado palácio. Descantes e danças, abraços e beijos, à roda do velho tronco, misturavam-se na voz de alguém que a cantar dizia:
Deus, oculto e generoso,
Procura outra morada,
Que esta árvore frondosa,
À ordem de El-rei senhor,
Vai, por nós, ser derrubada.
A folhagem estremeceu; as ramarias mais altas inclinaram-se, chorosas, e um vago lamento se ouviu:
— Se o vosso rei teimar nesse propósito, todas estas árvores de fruto e todas estas plantações que crescem à minha volta ficarão também destruídas. Digam, pois, ao vosso rei, que esse desejo é cruel. Contudo, se ele teimar, humildemente me entrego...
Nessa noite, enquanto o soberano dormia, o Deus da árvore venerada apareceu-lhe e ao ouvido assim falou tristemente:
— Sei eu que mandaste derrubar a árvore maior e mais alta da floresta. Venho pedir-te que não pratiques esse monstruoso crime.
— Mas onde vou eu encontrar a coluna para o palácio que quero mandar construir?
— Raciocina, Rei sabedor: durante quatro mil anos recebi a adoração de todos os habitantes destas povoações vizinhas e, em troca, só benefícios saíram das minhas mãos. As aves adormecem, cantam e vivem nos meus ramos. Espalho sombra e bem-estar ao caminhante fatigado pelas ardências solares. Estão comigo a paz e o bem.
— É verdade quanto dizes, ó alma dessa árvore formosa. Mas mantenho o que desejo.
— Está bem; não devo contrariar-te. Só uma coisa ainda te peço. Manda-a cortar por três vezes. Primeiro, a cabeça coroada de folhagem verde; depois, o tronco com os seus braços abertos ao amor e ao infortúnio; e, por fim, as raízes que são tantas e tão profundas que hão-de abalar a terra inteira.
— O que me pedes surpreende-me pela originalidade. Até hoje ninguém me pediu que lhe tirasse a vida por três vezes! Porque não queres suportar a morte num golpe certeiro?
— Eu te respondo, rei inteligente: à volta de mim cresce e vive a minha família. Variadíssimas árvores prosperam à minha sombra generosa. Se eu tombar de um arranco, o meu corpo pesado e enorme, vai, certamente, mutilar essas vidas florescentes; mas, se cair por três vezes e em três bocados, será mais suave o desastre, por elas e não por mim!
No dia seguinte a ordem do rei era esta:
— Não quero que derrubem essa árvore! Nela mora um espírito de tanta beleza moral que é necessário respeitar e ouvir. As árvores são sagradas. Para edificar a minha casa outra coluna se arranjará; talvez de bronze ou de prata, ou, talvez, unicamente deste infeliz coração que bate aqui no meu peito.


Os Contos de António Botto
Marginália Editora, s/d

Como saber usar o silêncio

O valor do silêncio
No meio de tanto ruído, só temos este antídoto eficaz

Tudo em nosso redor são sons estridentes de um ruído que, por vezes, se torna ensurdecedor. Diariamente somos bombardeados das mais diversas formas, através da rádio, televisão e outros meios audiovisuais, para além daqueles que não têm som, mas penetram no nosso interior. Por exemplo: a imprensa escrita não tem som, mas faz eco quando os assuntos que trata raiam a falta de valores que campeia na nossa sociedade.O silêncio tem duas facetas distintas, sobretudo quanto à sua utilização. A positiva, que marca a nossa interioridade e procura de reflexão num determinado espaço ou tempo; e a negativa, quando passa pela omissão em algo que deveríamos defender, delimitando a nossa posição enquanto seres humanos, cristãos ou simples cidadãos. Vamos abordar o aspecto da cidadania. Muitos de nós refugiamo-nos na nossa concha e deixamos que os outros façam aquilo que devíamos fazer. É um silêncio negativo e pouco conforme à nossa condição de cristãos.A participação na vida activa de instituições, sobretudo naquelas que se dedicam ao bem comum, deveria ser uma preocupação de todos nós. É preciso conhecer as pessoas e as coisas para sermos capazes de as compreender e ajudar.Mas há outro aspecto que repugna a muitos cidadãos e que é uma forma de silêncio muito grave. A omissão enquanto participantes de uma sociedade livre com direitos, liberdades e garantias. Em Portugal, todo o indivíduo tem esse gozo, mas é necessário que o saiba utilizar em seu benefício e de todos aqueles que fazem parte deste país.Estamos em ano de eleições. Seremos chamados ás urnas para as Europeias, Legislativas e Autárquicas, embora as datas ainda não estejam marcadas. Grande parte das pessoas não gostam de política, nem se interessam por ela, mas a verdade é que a nossa vida é decidida pelas instituições e seus dirigentes políticos.Numa sociedade democrática, as decisões são tomadas pelos cidadãos, mas através dos seus representantes nas instituições do País. Ou seja, nós quando vamos votar “passamos” uma procuração aos partidos políticos para eles exercerem a governação em representação de cada um de nós.A maior parte das pessoas estão desiludidas com a actuação dos políticos e infelizmente têm razão para tal. Contudo, isso não nos dá o direito da omissão. Se não agem como deviam, mesmo assim, temos o dever de votar naquele(s) que nos merecer(em) alguma credibilidade. Caso contrário, teremos que aceitar as consequências de sermos governados por partidos políticos que não respeitam e muito menos, protegem o cidadão. Neste sentido, somos responsáveis por nós e pelos outros.A política devia ser uma disciplina escolar, integrada ou não, noutra que é a cidadania e que também não é administrada no ensino. Certamente, se tal acontecesse, cada um de nós estaria mais consciente deste valor. Em democracia, a única arma do cidadão é o voto. Sabemos que para os políticos não interessa que o povo seja culto e conhecedor dos seus direitos. Mas isso não impedirá que cada um de nós aprenda a exercê-los devidamente. A grande vantagem do voto é o silêncio, ou seja, podemos votar em quem entendermos, sem que os outros conheçam as nossas opções. Usemos bem esta faculdade e não nos arrependeremos.

Eduardo Santos
FÁTIMA MISSIONÁRIA
14-03-2009

Brasil: Índios da Raposa Serra do Sol

Brasil: Índios da Raposa Serra do Sol
É uma vitória histórica que faz justiça aos cinco povos indí­genas da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (TIRSS), em Roraima, no norte do Brasil.

“Temos 35 anos de luta. Conseguimos que limitassem, demarcassem e homologassem a terra. Acreditamos que tudo isso deva ser confirmado como está”, afirmou o líder Martinho Macuxi.
Os 11 juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) levaram sete longos meses a concluir o julgamento de uma acção de inconstitucionalidade interposta pelos senadores de Roraima contra a demarcação da terra indígena. Iniciado em 27 Agosto de 2008, o julgamento foi adiado para 10 de Dezembro.
Tendo sofrido novo adiamento, foi retomado a 18 de Março último e concluído no dia seguinte com a decisão favorável à manutenção da reserva. Um conjunto de 19 cláusulas serve de base para futuras demarcações.
“Essas condições aplicam-se à Raposa Serra do Sol, mas têm um efeito transcendente para as demais demarcações”, afirmouo presidente do STF, juiz Gilmar Mendes.
“Há um alívio para todas as partes. O governo passa a saber os limites da sua acção e os afectados passam a ter alguma segurança jurídica neste contexto”.

Rápido para evitar conflitos
O prazo da retirada dos arrozeiros da Raposa será definido pelo juiz Ayres Britto e pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, responsáveis por supervisionar a execução da sentença. “Será um prazo comum, uniforme para todos os que ainda se encontram lá”, afirmou. “Acho que não vai haver resistência. Uma decisão do STF é para ser cumprida”.
Ayres Britto não garantiu se o prazo a ser definido terá em conta a colheita da safra dos produtores de arroz.
“Quem plantou em uma área sob litígio o fez por sua conta e risco”.

A advogada Joênia Carvalho, índia wapichana, que representa as populações indígenas, defendeu que a partir da demarcação contínua da reserva, qualquer ocupação por brancos é ilegal.
“Não se justifica a ampliação do prazo para que eles continuem produzindo ilegalmente dentro das terras indígenas".
De parecer contrário, é o advogado de defesa dos produtores de arroz, Luiz Albrecht.
“Os investimentos foram feitos e é preciso que sejam resguardados esses direitos”.
O advogado-geral da União, José Toffoli, esclareceu que a maioria dos arrozeiros já saiu da região de forma pacífica e pediu celeridade na retirada do grupo que ainda permanece no local.
“Quanto mais rapidamente a situação for resolvida, menor é a possibilidade de conflito”.

À terceira foi de vez. O Supremo Tribunal Federal decidiu, em 19 de Março, em Brasília, manter a demarcação contínua da área de 1,7 milhão de hectares, homologada em Abril de 2005 pelo governo de Lula da Silva, por 10 votos contra um.
Com esta decisão, um grupo de grandes produtores de arroz e cerca de 50 famílias de agricultores brancos, que ainda resistiam na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, terá de deixar a reserva.

texto Elísio Assunção

Cartão amarelo ao governo
As cláusulas fixadas pelo STF têm a ver com a instalação de bases militares na fronteira e com o acesso da Polícia Federal e do Exército à área sem necessidade de autorização. Por outro lado garantem o acesso de visitantes e investigadores ao Parque Nacional do Monte Roraima, situado dentro da reserva, assim como a proibiçãom de actividades de caça, pesca, recolha de frutos ou qualquer actividade agropecuária por pessoas estranhas. Além disso proíbe o alargamento da área demarcada. Gilmar Mendes mostrou um cartão amarelo ao governo. Pediu providências ao estado brasileiro para pôr cobro à situação de abandono em que vivem os índios das áreas demarcadas.
Na visita que fez, no ano passado, à aldeia Ingaricó, dentro da Raposa Serra do Sol, ficou com a ideia de que, naquela região, vivem índios sem assistência adequada.

"Percebe- se ali a angústia do índio e a falta de presença do estado. Os índios estão entregues um pouco à própria sorte. Têm que caminhar dois dias e viajar dez horas de ônibus até Boa Vista [capital de Roraima]. Faz-se a demarcação e nada mais”, criticou o presidente do STF.

Direito fundamental
A posse da terra é fundamental para a sobrevivência dos povos indígenas.
“Emerge claramente do texto constitucional que a questão da terra representa um direito fundamental dos índios porque, sem a garantia da permanência, o índio pode expor-se ao risco gravíssimo da desintegração cultural, da perda da identidade étnica e da erosão de sua própria consciência e percepção como integrante de uma nação”, afirmou o juiz Celso de Mello.
O Ministério da Justiça foi o responsável pela edição da portaria de demarcação da área, de nº 534/2005, e o presidente da República, pelo decreto de sua homologação, de 15 de Abril de 2005.

Pensamento do dia

Usemos de caridade para connosco próprios e não nos façamos mais pecadores do que somos. Às vezes sentimo-nos piores do que somos, mas isso não significa que retrocedemos; é porque conhecendo-nos melhor, descobrimos mais defeitos; muito do que antes não aparecia, agora vem ao de cima.

Beato José Allamano
FÁTIMA MISSIONÁRIA
25-03-2009

Brasil: Missão da Alfabetização Solidária desenvolve nova etapa do projecto em São Tomé e Príncipe

Brasília, 25 Mar (Lusa) - Especialistas da organização Alfabetização Solidária (AlfaSol) iniciaram hoje uma missão em São Tomé e Príncipe para desenvolver mais uma fase do projecto de cooperação nesta área, assinado entre o Brasil e o arquipélago africano em 2001.
Integram a missão, que permanece no país até 04 de Abril, consultores da AlfaSol e especialistas brasileiros na área de alfabetização e educação de jovens e adultos.
"O grande objectivo dos pesquisadores é propiciar a articulação do conhecimento popular de São Tomé e Príncipe com o conhecimento global e, a partir desta articulação, construir um conhecimento novo", disse hoje à Lusa a directora do Departamento de Avaliação e Pesquisas Educacionais do AlfaSol, Ednéia Gonçalves.
"Estamos pensando em São Tomé e Príncipe integrado no mundo, mas com sua cultura preservada", acrescentou.
O projecto, que conta também com a parceria da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), dependente do Ministério das Relações Exteriores, entra na sua quinta fase.
Nesta etapa, haverá 110 turmas, de onde sairão alfabetizadas 3.000 pessoas até 2011.
De 2001 a 2008, foram alfabetizados 8.000 são-tomenses acima de 15 anos, em quatro etapas que tiveram como focos a erradicação do analfabetismo e a construção de condições de sustentabilidade de um projecto de educação de adultos abrangente no arquipélago, que englobou a capacitação de professores.
A taxa de analfabetismo do país, que girava em torno de 80 por cento da população com mais de 15 anos no início do programa AlfaSol, caiu agora para 22 por cento.
Uma das razões do sucesso é o facto de o programa não ser meramente importado.
"O projecto tem a cara, a cultura de São Tomé e Príncipe, com a valorização das cinco línguas maternas do país", explicou Ednéia Gonçalves, elogiando a participação e o protagonismo da equipa de educação são-tomense.
Nesta quinta e última fase, cujos próximos três anos são considerados de consolidação do projecto, o foco será colocado na avaliação e na montagem do material didáctico pelos próprios são-tomenses.
"Nesse sentido, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa vai facilitar muito o nosso trabalho de orientação na montagem do material didáctico", destacou Ednéia Gonçalves.
A AlfaSol é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, fundada em 1997, com actuação reconhecida e premiada no Brasil e no estrangeiro.
Nos seus 12 anos no Brasil, a AlfaSol já atendeu mais de 5,4 milhões de alunos, jovens e adultos, capacitou cerca de 250 mil alfabetizadores e desenvolveu um programa de formação para 600 professores da rede pública de Educação de Jovens e Adultos.
CMC.
Lusa/Fim
publicado a 2009-03-25 às 16:49

quinta-feira, 26 de março de 2009

A história da árvore do Paraíso

Respeito pela Natureza
"A natureza é generosa com os seres humanos, mas os seus dons esgotar-se-ão devido à cegueira e ao egoísmo daqueles que põem os seus interesses acima do interesse comum.
Sê responsável."


A história da árvore do Paraíso

No início do mundo, o Grande Criador plantou um jardim.
Inúmeras plantas formosas cresciam em cada um dos seus diferentes campos.
Havia jardins de florestas, completamente cobertos de musgo verde e campainhas ondulantes, que acenavam timidamente ao vento. Pequenos seres povoavam estes jardins, farejando e sussurrando a toda a hora.
Havia jardins de pradarias cheios de ervas oscilantes, que os animais percorriam com passadas graciosas.
Havia também jardins subaquáticos, para os seres do mar profundo. Tinham folhas roçagantes, arrastadas pelas correntes, e misteriosas flores de pétalas trémulas.
Os mais belos de todos eram os jardins de árvores. Eram tão altas que tocavam o céu. Nessas árvores, os pássaros todos faziam os seus ninhos. Os ramos, cheios de folhas, enchiam-se de trilos e chilreios, de gorjeios e assobios, de melodias trinadas, que caíam em sonora cascata para deleite do mundo.
O Grande Criador pediu aos homens que tomassem conta do mundo e construíssem para si próprios casas simples e seguras, num dos jardins de que gostassem.
Mas o tempo foi passando e as pessoas tornaram-se cada vez mais ambiciosas…
— Vamos construir CASAS MAIORES! — disseram.
— Há materiais de construção em abundância para usarmos como quisermos.
Em breve começaram a construir palácios.
Cada novo edifício era mais alto do que o anterior e os palácios eram feitos cada vez com mais magnificência.
As suas salas às centenas estavam cheias de todo o tipo de luxos… mas a ambição das pessoas não conhecia limites.
Os jardins do mundo foram caindo em ruínas, cada um deles imagem da mais desoladora devastação.
Todas as árvores tinham sido abatidas.
Os pássaros agitavam-se tristemente no chão frio, tentando, com desespero, construir novos ninhos.
As suas canções foram silenciadas.
Então, do alto do seu palácio, uma criança olhou para o mundo devastado e chorou.
— Desce à terra — sussurrou-lhe, por entre o vento, a voz do Criador. — Lá encontrarás uma semente, que deves semear num local onde possa crescer em segurança.
A correr, a criança desceu as escadas em caracol da torre do palácio.
Pousada na terra, estava uma semente castanha, enrugada, feia.
A criança pegou na semente com delicadeza.
— Onde poderei semeá-la em segurança? — perguntou-se.
Foi caminhando, caminhando, até que chegou a uma vala na qual uma lama escura corria lentamente e alguns juncos baloiçavam no vento frio.
— Coloca-a aqui, onde nunca ninguém vem! — parecia sussurrar o vento.
E foi ali que a menina enterrou a semente.
Devagar, em silêncio e completamente invisível, a semente começou a germinar.
Cresceu e fez-se uma árvore forte. Sob os seus ramos, outros jardins começaram a florescer. Em breve, as criaturas reuniram-se à sua volta.
A árvore cresceu mais alto do que todos os palácios. Os pássaros voavam por entre os seus ramos e aí construíam os ninhos.
Cresceu tanto, que chegou ao Paraíso. E quem assim o desejasse, poderia subir pelos seus ramos até ao Jardim do Paraíso do Grande Criador.

Mary Joslin
The tale of the heaven tree
Oxford, Lion Publishing, 2001

Central Fotovoltaica Hércules


Este Parque está localizado na freguesia de Brinches do concelho de Serpa, uma das zonas mais ensolaradas da Europa. Uma área total de 64 hectares é coberta por 52 mil paineis fotovoltaicos de silício monocristalino de alto rendimento (14 a 18%), com a potência total de pico de 11 megawatts. Os painéis encontram-se 2 metros acima no solo, permitindo assim, que o terreno continue a servir para o pastoreio. Este projeto tem a capacidade para fornecer energia elétrica a 8000 lares (21 GWh) e evitará a emissão de cerca de 19 mil toneladas de dióxido de carbono por ano. A sua construção foi iniciada em maio de 2006 e a inauguração a 28 de março de 2007. As empresas proprietárias deste parque são a GE Energy Financial Services, a Powerlight Corporation e a portuguesa Catavento.

Rios voadores

Eu não sei (nem consegui comprovar) se o Brasil participará dos debates programados para a Feira do Desenvolvimento, a se realizar durante a Feira Internacional de Lisbôa, nos dias 28 e 29 de abril próximos.

O tema que dominará o encontro leva o título de ”Por um mundo sustentável, Desenvolvimento e Recursos”. Tenho certeza de que o nosso país poderá dar uma contribuição inestimável para o enriquecimento dos debates. Os exemplos se sucedem e aqui está um deles.

Depois de percorrerem por um ano e meio a trajetória dos vapores de água que saem da bacia amazônica e distribuem umidade para o sul e o sudeste do Brasil, o casal Gérard e Margi Moss e a equipe científica que os acompanhou comprovaram que preservar a floresta é uma questão de sobrevivência para o país

“De onde vem a nossa água?” Essa foi a pergunta que motivou o casal Gérard e Margi Moss a começar a terceira fase do projeto Brasil das Águas - depois de terem realizado um estudo completo sobre a qualidade das águas brasileiras na primeira etapa e feito um trabalho de conscientização com a população ribeirinha sobre a importância da preservação dos rios.
De agosto de 2007 a março deste ano, eles percorreram, em seu avião monomotor, juntamente com uma equipe de especialistas do CENA – Centro de Energia Nuclear e do CPTEC/INPE – Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, a trajetória dos vapores de água que saem do Oceano Atlântico, chegam à Amazônia, são “reciclados” e distribuídos para o restante do território brasileiro e da América Latina, até o limite da cordilheira dos Andes. Batizadas de Rios Voadores, essas correntes de vapor d’água também deram nome ao projeto.
A bordo, nas doze expedições realizadas, ia também um equipamento com tecnologia inovadora, desenvolvido pelo CENA, que coletava amostras de vapor d’água, transformando-as em gotículas, que eram posteriormente analisadas por uma equipe de cientistas e acabaram por responder à pergunta inicial.
O trabalho é pioneiro no mundo e ajudam a aumentar o entendimento sobre os processos meteorológicos, assunto ainda pouco estudado no Brasil. Com a quantidade de dados coletados nas mais de 1000 amostras de gotículas de água durante um ano e meio de trabalho, ainda é possível se chegar a muitas conclusões daqui em diante. De todo modo, os primeiros resultados são claros ao revelar os impactos que a existência da floresta amazônica exerce sobre o clima e a quantidade de chuvas no restante do país, especialmente nas regiões Sul e Sudeste, assim como em outros países da América do Sul.
O CAMINHO DOS RIOS VOADORES
Engana-se quem pensa que as chuvas que ocorrem no Brasil são provenientes apenas da umidade que vem do oceano Atlântico e se condensa no continente. Boa parte delas se origina da evaporação e da transpiração da floresta amazônica, que formam uma quantidade enorme de vapor de água que se desloca da região Norte até o Sul do país.
Funciona assim: os ventos alísios empurram a umidade vinda do Atlântico para a Amazônia e provocam chuvas na região. Do total de chuvas, 25% alimentam os igarapés, 25% são retidos pelas folhas e 50% são absorvidos pelas árvores – esses últimos 75% voltam para a atmosfera em forma de vapor d’água, por meio da evaporação e da transpiração.
Esses vapores são transportados pelos ventos até a cordilheira andina, que funciona como uma barreira natural e redireciona o percurso da umidade para o Norte da Argentina, o Uruguai, o Sul e o Sudeste do Brasil.
O volume de vapor d’água produzido pela floresta é imenso – cada árvore de grande porte “evapotranspira” até 300 litros de água por dia! No total, são cerca de 20 bilhões de litros de água lançados na atmosfera todos os dias pela Amazônia, mais do que a vazão do Rio Amazonas – o maior rio do planeta!
Em uma das expedições, Gerard e sua equipe conseguiram acompanhar o percurso de um rio voador desde Belém até a cidade de São Paulo. Desta vez, 3.200 m³ de água eram transportados por segundo da Amazônia até a capital paulista. Em um dia, esse rio voador levou a São Paulo um volume de vapor igual ao consumo de água dos paulistanos por 115 dias ou a 27 vezes a vazão do Rio Tietê.
Os estudos ainda não determinaram quantas vezes por ano um rio voador passa pelas cidades brasileiras, de todo modo, sempre que esses rios voadores estão na atmosfera, o volume de vapor d’água e o potencial para a ocorrência de chuvas ficam bem superiores à média dos dias em que eles não estão presentes e a umidade resulta apenas das correntes que vêm do oceano.
O MAL DO DESMATAMENTO
O projeto também constatou que a Amazônia, cujo território corresponde a 56% das florestas tropicais da Terra, ameniza o aquecimento do ar, já que 40% dos raios solares que incidem sobre ela são utilizados para a evaporação da água. Quanto menor a quantidade de árvores, mais raios solares servirão para esquentar o ar.
A existência da floresta ainda é o que proporciona uma melhor distribuição da umidade do ar ao longo do ano. Isso porque, em dias em que pouca quantidade de vapor d’água entra no continente, as raízes das árvores amazônicas buscam água subterrânea e mantêm seu nível de transpiração, garantindo que os rios voadores continuem a cumprir sua trajetória. Esse fenômeno não acontece com as árvores das regiões de pasto, que tem raízes menos profundas e sofrem com a estiagem.
Os Rios Voadores constataram que o Pantanal também é uma região que recicla os vapores de água, já que 85% das chuvas que caem ali retornam para a atmosfera por meio da “evapotranspiração” – os outros 15% alimentam o rio Paraná. Essa umidade chega a São Paulo em cerca de 24 horas e pode fazer chover na cidade.
Ainda não é possível prever exatamente o que aconteceria com o Sul e o Sudeste brasileiros com a degradação das florestas – nos últimos 30 anos, cerca de 600 mil quilômetros foram desmatados na Amazônia – , mas é certo que isso aumentará a incidência de eventos extremos, como grandes tempestades e fortes secas."

César Salazar Pimenta
Belém - Brasil

Ambiente é o tema da edição deste ano dos Dias do Desenvolvimento

Foto: Luís Ramos (arquivo)
João Cravinho explicou que um dos objectivos é "promover um debate produtivo”

18.03.2009
Sofia Branco

A relação entre ambiente e desenvolvimento terá um enfoque especial, embora não exclusivo da edição deste ano dos Dias do Desenvolvimento, uma iniciativa do Ministério dos Negócios Estrangeiros e do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento.
Nos dias 28 e 29 de Abril, em Lisboa, 80 organizações, actores da cooperação, vão debater os caminhos para atingir o Objectivo de Desenvolvimento do Milénio (ODM) nº7, que pretende “integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e programas nacionais”, “reduzir para metade, até 2015, a percentagem de população sem acesso permanente a água potável” e “até 2020, melhorar significativamente a vida de pelo menos 100 milhões de habitantes de bairros degradados”.
O objectivo desta segunda edição dos Dias do Desenvolvimento é “promover um debate produtivo” entre os vários intervenientes e construir “sinergias”, explicou aos jornalistas o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, João Gomes Cravinho, que hoje apresentou o programa da iniciativa. Em pano de fundo estará o facto de os países em desenvolvimento contribuírem “menos para as alterações climáticas”, mas terem também uma “menor capacidade” para a elas reagir, indicou.
O Ministério do Ambiente associou-se à iniciativa, já que as alterações climáticas e a perda de biodiversidade “não se resolvem distanciadas do desenvolvimento”, sublinhou Fausto Brito e Abreu, adjunto do secretário de Estado do Ambiente, também presente na apresentação dos Dias do Desenvolvimento.João Gomes Cravinho realçou ainda que se pretende que esta segunda edição tenha “mais visibilidade”. A primeira edição, realizada no ano passado, foi feita com “grandes condicionantes de tempo”. Mesmo assim, sublinhou o secretário de Estado, teve “grande adesão do público”, tendo sido visitada por “cinco mil pessoas”.
Para a iniciativa deste ano já estão inscritas “mais de cem escolas”, que poderão usufruir de visitas guiadas. Para além de juntar especialistas, os Dias do Desenvolvimento têm o objectivo de fazer chegar a um “público alargado” um “assunto quase inexistente na comunicação social” – a cooperação para o desenvolvimento.Greg Carr, o milionário americano que está a reconstruir o Parque Nacional da Gorongosa, em Moçambique, será o convidado de honra desta edição, mas previstas estão também as presenças de Eveline Herfkens, coordenadora da campanha das Nações Unidas para os ODM, e de Claire Short, ministra do Desenvolvimento do Governo de Tony Blair.

Ambiente

Este suplemento faz parte integrante da edição 1287 do JORNAL DE LEIRIA, de 12 de Março de 2009 e não pode ser vendido separadamente

Era uma vez...

Era uma vez...
Havia uma vez uma ilha, na qual viviam todos os sentimentos e valores do homem: o Bom Humor, a Tristeza, o Saber...
Como também todos os outros, incluindo o Amor.

Um dia avisaram os sentimentos que a ilha estava prestes a afundar-se. Então, todos prepararam os seus barcos e partiram. Unicamente o Amor ficou, esperando sozinho, até ao último momento.
Quando a ilha estava a ponto de desaparecer no mar, o Amor decidiu pedir ajuda.

A Riqueza passou perto do Amor num barco luxuosíssimo e o Amor disse-lhe:
“Riqueza, podes-me levar contigo?”
“Não posso porque tenho muito ouro e prata dentro do meu barco e não há lugar para ti.”

Então, o Amor decidiu pedir ao Orgulho que estava passando numa magnífica barca:
“Orgulho, rogo-te, podes-me levar contigo?”
“Não posso levar-te, Amor...” respondeu o Orgulho: “Aqui tudo é perfeito, poderias arruinar-me a barca”.

Então, o Amor disse à Tristeza que se estava aproximando:
“Tristeza, peço-te, deixa-me ir contigo.”
“Óh, Amor” respondeu a Tristeza, “estou tão triste que necessito estar só”.
Logo, o Bom Humor passou em frente ao Amor; mas dava gargalhadas tão altas, que não ouviu que o estavam a chamar.
De repente uma voz disse:
“Vem Amor, levo-te comigo...
”Era um velho o que havía chamado.
O Amor se sentiu tão contente e cheio de alegria que se esqueceu de perguntar o nome ao velho. Quando chegou a terra firme, o velho desapareceu.
O Amor deu-se conta de quanto devia ao velho e, assim, perguntou ao Saber:
“Saber, podes dizer-me quem me ajudou?”
“Foi o Tempo”, respondeu o Saber.
“O Tempo?”, perguntou-se o Amor,
“Porque será que o Tempo me ajudou?”.
O Saber, cheio de sabedoria, respondeu:
“Porque só o Tempo é capaz de compreender quão importante é o Amor na Vida”.
Gentilmente enviado por CL Maria Teresa

Rania e Sampaio distinguidos

Na visita a Portugal a rainha da Jordânia foi laureada pela dedicação aos Direitos Humanos

2009.03.17
SUSANA OTÃO



A rainha mais mediática do Mundo, conhecida pelo seu envolvimento em causas humanitárias foi esta segunda-feira distinguida, em Lisboa, com o Prémio Norte-Sul do Conselho da Europa, a par do antigo presidente Jorge Sampaio.
Elegantemente vestida, como é a sua imagem de marca, Rania Al- Abdullah quase ofuscou o seu marido, o rei Abdullah II, na visita de Estado dos soberanos do reino Hachemita da Jordânia, a Portugal. À entrada da Sala do Senado da Assembleia da República, o seu sorriso iluminou todo o espaço, que se encheu para ver a rainha ser laureada pela dedicação em matéria de protecção dos Direitos Humanos.
O Prémio Norte-Sul é atribuído anualmente pelo Conselho da Europa a duas personalidades, uma do norte outra do Sul, que se tenham destacado na protecção dos Direitos Humanos e no fortalecimento das relações Norte-Sul. Rania, defensora da emancipação das mulheres nos países árabes e notabilizada pela sua dedicação à causa das crianças desfavorecidas, repartiu essa distinção - uma estatueta que simboliza um abraço entre diferentes culturas- , com o antigo presidente da República, Jorge Sampaio.
No seu discurso, a rainha da Jordânia não hesitou em evocar os descobrimentos portugueses para salientar que o Mundo precisa de "novos aventureiros" em nome das causas solidárias. Neste ponto não deixou de fazer um apelo para que o mundo muçulmano e o Ocidente se conheçam melhor: "Devemos fazer esforços para aprendermos mais uns com os outros", realçando que o "diálogo e a corporação são o melhor antídoto" contra o medo do desconhecido.
A rainha mencionou ainda o seu projecto na Internet que, como disse, até faz de si uma "mãe cool", para vincar a necessidade de diálogo intercultural. Regozijou-se com o facto de receber mensagens de todo o Mundo e dos seus vídeos no YouTube terem contribuído, por exemplo, para juntar através da música, o jordano Hanna Gargour e a portuguesa Mia Rose.
Jorge Sampaio, Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações e enviado especial da ONU para a luta contra a tuberculose, emocionou-se: "Reencontro-me com a lembrança de batalhas antigas que ajudaram a moldar a minha vida", afirmou recordando Miguel Torga: "O Universal é o local sem os muros", disse deixando o apelo: "Sigamos a sua lição procuremos derrubar os numerosos muros que prejudicam os nossos deveres de solidariedade".
Por sua vez, Cavaco Silva enalteceu a entrega das duas personalidades em nome de "um Mundo mais justo", salientando que continua a contar com a experiência de dedicação de ambos.
"A Rainha Rania é o exemplo vivo dos objectivos que o Prémio Norte-Sul pretende servir", referiu, elogiando ainda o co-premiado, pela sua constante preocupação reflectida no exercício de cargos públicos.
Cavaco Silva quis salientar ainda que a dedicação do próprio rei Abdullah II da Jordânia, à causa de paz no Médio Oriente é o exemplo de "tolerância, inclusão e moderação" que a sociedade jordana representa e traduz "de forma eloquente os valores que integram a matriz fundadora do Centro Norte-Sul.

(in: Jornal de Notícias)
Encontro no interior do Palácio de Belém
foto MIGUEL A. LOPES/LUSA
A soberana da Jordânia foi recebida pela primeira dama portuguesa
foto Paulo Amorim/AP
A rainha encerrou a visita a Portugal com uma visita a uma escola da Amadora
foto MARIO CRUZ/EPA
Reis da Jordânia estiveram em Portugal a convite de Cavaco Silva
foto Paulo Amorim/AP

Eólica poderá abastecer 60 por cento dos lares europeus dentro de uma década

Foto: PÚBLICO
A energia gerada seria suficiente para abastecer o equivalente a 135 milhões de lares de tipo médio na UE

17.03.2009
Lusa

Em 2020, a energia eólica gerada na Europa poderá abastecer o equivalente a 60 por cento dos lares europeus, sustenta hoje a Associação Europeia da Energia Eólica (EWEA).
Essa quantidade corresponderia a uma capacidade instalada de energia de procedência eólica de 230 gigawatts, que é a meta apontada pela EWEA, segundo anunciaram os seus responsáveis numa conferência que hoje começou em Marselha.
Arthouros Zervos, presidente da EWEA, defendeu as perspectivas em crescendo do aproveitamento desta energia renovável, apoiadas pelos objectivos assinalados na directiva comunitária de Energias Renováveis, na sequência do acordo alcançado em 2008.
Os 230 gigawatts são um aumento em relação aos 180 que a própria associação tinha apostado como objectivo anteriormente, explicou Zervos, precisando, no entanto, que só se alcançará essa meta se todos os Estados comunitários cumprirem com os prazos previstos.
A energia gerada por esses 230 gigawatts seria suficiente para abastecer o equivalente a 135 milhões de lares de tipo médio na UE e assim se forneceria entre 14 a 18 por cento da procura eléctrica em 2020, acrescentou Zervos.
O comissário europeu da Energia, Andris Pielbags, afirmou na mesma conferência que "a energia eólica pode substituir em grande medida os combustíveis contaminantes e finitos de que actualmente dependemos", segundo um comunicado dos organizadores da reunião.
De acordo com dados da Comissão Europeia, 3,5 por cento das reservas certificadas de carvão estão na UE mas os países da União Europeia só têm dois por cento das de gás, menos de dois por cento das de urânio e abaixo de um por cento das de petróleo de todo o mundo.
"Com o tempo a Europa perderá a batalha", alertou o comissário, recordando que as empresas europeias têm duas terças partes do mercado mundial da tecnologia da energia eólica, avaliada em 35 mil milhões de dólares.
A reunião de Marselha, que decorre até quinta-feira, abordará outros temas relacionados com a energia eólica, como assuntos políticos, técnicos e científicos.

Opinião dos leitores
Os magnatas do petróleo deixarão?
Por Anónimo - Bahia Brasil
E o que será do petróleo do Brasil, de Angola, da Venezuela e do de todo o Golfo da Guiné? os investimentos realizados e a realizar nestes países onde a Galp também é accionista, vão-se perder? e se o preço do barril está baixando e ainda vai baixar mais porque a concorrência das eólicas é forte, o que irá acontecer aos papéis das bolsas de valores mundiais com as acções das petrolíferas? e se todos os países europeus vão produzir mais de 60% da energia via eólica mais a via foto voltaica solar a produzir nos países mediterrâneos, com muitas horas de sol diárias, mais o carvão mais as centrais nucleares enfim tanta energia produzida e os preços ainda não baixaram nem vão baixar, alguém devia informar os Povos Europeus, que necessitam da energia e pagam--na cara, muito cara, para onde vai tanto lucro e para que serve tanto dinheiro, se o Povo cada vez está pior e a crise é só para quem trabalha muito e ganha pouco, a não ser que esses lucros sejam para doar aos bancos, doar às empresas automobilísticas, às companhias de seguros e seus administradores, com umas "luvas" aqui e outras acolá, a amigos e membros dos governos, actuais ou ex- membros, bancários e conselheiros de estados, etc.

Estamos a falar de 6% do consumo de energia
Por Anónimo – Lisboa
Facto positivo. No entanto, visto que a electricidade representa não mais de 30% de toda a energia consumida, significa que estas eólicas irão representar em 2020 cerca de 6% de toda a energia consumida. Temos mesmo de intervir é de dar cada vez mais importância à eficiência energética, quer na indústria mas sobretudo nos edifícios e à mobilidade sustentável, sobretudo com a ferrovia a sobrepor-se à ferrovia e as portagens urbanas.

14... só???
Por Frederico – Lisboa
14 a 18 por cento da procura eléctrica em 2020??? Mas isto nem sequer é nada ambicioso. Portugal em 2008 já produziu 10% da energia consumida através de eólicas. Espero que em 2020 se esteja nos 40 ou 50%. Se o resto da Europa se ficar pelos 14% é muito mau sinal.

Certificar a origem da água tornar-se-á algo tão normal como certificar madeira

Foto: PÚBLICO
A água é um recurso que precisa de protecção, disse Michael Spencer

17.03.2009
AFP

Nos próximos anos deverá surgir um novo rótulo nas garrafas de cerveja, no arroz, cereais e outros produtos: um rótulo que certificará a origem da água utilizada para o seu fabrico.
Este projecto, apresentado hoje durante o Fórum Mundial da Água, a decorrer em Istambul (Turquia), inspira-se directamente no mecanismo em funcionamento para a madeira, a fim de combater a exploração ilegal das florestas“Já é consensual que estamos a viver uma crise da água e que é preciso reagir. É esta a razão pela qual se verificou um movimento de apoio a este tipo de certificação mundial”, explicou Michael Spencer, do Water Stewardship Initiative, na Austrália.
Há uns anos, a ideia de uma certificação da água poderia ter parecido surpreendente, reconheceu Spencer. Mas, salientou, essa percepção está a mudar: numerosos exemplos de sobre-exploração de rios ou aquíferos demonstram que a água é um recurso que precisa de protecção.
Esta iniciativa inspira-se no Forest Stewardship Council (FSC), um organismo que estabelece normas internacionais de boa gestão florestal e que certificou até hoje mais de cem milhões de hectares. As empresas que obtêm a certificação podem utilizar o rótulo FSC, que se pode tornar um argumento comercial de peso.
“O FSC é um mecanismo que permite certificar a madeira, o sistema Fair Trade permite aos consumidores escolher os produtos que ajudam as comunidades locais. Mas não existe nenhum programa deste género para a água”, sublinhou Jonathan Kaplan, da Nature Conservancy. Esta organização não governamental (ONG) norte-americana faz parte, juntamente com a WWF (Fundo Mundial da Natureza), das seis ONG ambientais que participam nesta iniciativa.O objectivo proposto é elaborar, nos próximos meses, um conjunto de critérios aplicáveis no mundo inteiro, que serão complementados com critérios locais.
O rótulo deverá ser apresentado “dentro de 18 a 24 meses”, adiantou Kaplan.

Água: ONU alerta para "crise muito séria" se hábitos de consumo não se alterarem

17.03.2009
Lusa

O mundo "vai enfrentar uma crise muito séria" se os comportamentos de consumo de água não se alterarem, alerta um relatório das Nações Unidas apresentado hoje no V Fórum Mundial da Água, que decorre esta semana em Istambul (Turquia).
A “inacção já não é uma opção”, lembrou Koichiro Matsuura, director-geral das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
"A água precisa de ter alta prioridade", alertou o responsável, lembrando que neste momento existem meios necessários para prevenir essa crise e que no relatório "Água num mundo em mudança", de 348 páginas, surgem muitos exemplos de boas práticas que os líderes políticos podem adoptar.
Matsuura lamentou que responsáveis pelo sector da água saibam há muito como actuar de forma sustentável, mas continuem a falhar no desenvolvimento de políticas e no reforço de meios humanos e financeiros para responder a esta questão.A explosão demográfica, o crescimento económico e as alterações climáticas são os principais factores que afectam o sistema da água no planeta, segundo o relatório.
Relatório olhou para situação hídrica em 25 países
O relatório estudou 20 casos e analisou a situação da água e saneamento em mais de 25 países e por regiões.
Em África, a "culpa" da pobreza se manter "virtualmente igual" desde a década de 1980 é em boa parte da má gestão dos recursos hídricos, conclui o documento. Na região da Ásia e Pacífico vive 60 por cento da população mundial com apenas 36 por cento dos recursos hídricos de todo o mundo.
Já na Europa e no Norte de África, a quantidade de água não parece ser um problema imediato, refere ainda o relatório, lembrando que os países da União Europeia estão a trabalhar juntos no sentido de estabelecer regras exigentes. A Estónia surge como o país exemplar no que toca ao uso eficiente da água: o consumo para a agricultura reduziu drasticamente e o preço da água subiu cerca de 25 vezes.
Segundo o documento, existe um outro problema, que tem a ver com a gestão das áreas urbanas europeias. Em Istambul, por exemplo, é preocupante a situação dos 12 milhões de habitantes da cidade, que vivem em dois continentes (Europa e Ásia), uma vez que os reservatórios de água são limitados e estão cada vez mais vazios: em 2004 estavam com 45 por cento da sua capacidade e em 2008 já só tinham 25 por cento.
Já na América Latina não existe falta de água potável - é a região mais rica do mundo no que toca a recursos de água potável per capita - mas esta abundância está a provocar problemas ambientais: a subida do nível das águas e as cheias.
"Temos aqui uma oportunidade para usar o relatório das Nações Unidas como um diagnóstico sobre a situação actual da água e avançar no sentido de criar soluções de mudança efectivas", disse Oktay Tabasaran, secretário-geral do Fórum.
Ger Bergkamp, director-geral do Conselho Mundial da Água, mostrou-se optimista quanto ao futuro e a importância do encontro, que decorre até ao final da semana em Istambul: "Acreditamos que teremos resultados positivos das reuniões a alto nível entre especialistas e governantes que estão a decorrer para desenvolver soluções sustentáveis para o problema mundial da água".
O maior encontro mundial sobre água começou ontem em Istambul, onde deverão participar cerca de 200 ministros de todo o mundo e representantes de mais de 300 organizações para debater e propor soluções sustentáveis para o consumo da água.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Dia Internacional da Mulher em Viseu

A solidariedade foi a palavra-chave na noite em que várias mulheres se juntaram para comemorarem o Dia Internacional da Mulher


Marilú Correia, a organizadora deste jantar, salientou que todos os dias são dias da Mulher. "A mensagem que eventos destes pretendem transmi­tir é a de criar uma onda de solidariedade para com todas as mulheres do mundo. É importante que o papel da mulher seja reconhecido", esclarece.


Nessa noite foram apresentados os livros das poetizas Gabriela Silva ("Entre Margens de Afectos"), Filipa Duarte ("Sussurros e Clamores") e de Rosa Guedes ("Quem nunca escreveu a lápis?", "Clara toma chá com a consciência" e "Olhares sobre a Infância em novelo"). Os direitos do livro "Margens de Afectos" de Gabriela Silva pertencem ao Núcleo Regional dos Açores da Liga Portuguesa contra o Cancro que apoia as mulheres açorianas, motivo pelo qual a poetisa envergou o traje tradi­cional açoriano.


Na passada terça-feira o grupo de poetizas foi recebido em Lisboa, pela presidente da Fundação pelos direitos humanos Pro Dignitate, para uma apresentação pública do trabalho.
A noite foi marcada por um momento de entrega de várias lembranças oferecidas pela Boutique Marilú e um Sorteio de ofertas dos vários patrocinadores deste evento: Diva, Ergovisão, Agência de Viagens Halcon, Travei Gate, Nails, Ourivesaria Ibérica, entre outros.

O ponto mais alto da noite foi na opinião unânime das convidadas, o momento cultural onde a poetisa Gabriela Silva leu um texto em home­nagem a todas as mulheres do mundo.

O local escolhido foi o Hotel Príncipe Perfeito que recebeu cerca de cem convidadas.

terça-feira, 10 de março de 2009

VISEU COMEMORA DIA INTERNACIONAL DA MULHER SOB A ÉGIDE DO LIONISMO

“As transformações mentais demoram e não são fáceis. Exigem um esforço constante."
(Dalai Lama)

"Aquele que tentou e não conseguiu, é superior àquele que não tentou."
(Bud Wilkinson)

Viseu, 08 de Março de 2009

É-me muito difícil falar sobre o Dia Internacional da Mulher. Hoje, na sociedade global, temos a ilusão de que a mulher já alcançou vários direitos: a maternidade, a independência, o acesso a várias profissões outrora exclusivamente masculinas, etc.

Todavia, por esse mundo fora há mulheres que não têm direito a irem à escola, a escolherem o marido ou até a trabalharem. Tomemos como exemplo, as recentes notícias das jovens da Guiné - Bissau.

Porém, dentro de portas, há ainda várias mulheres vítimas de maus tratos físicos e/ou psicológicos, algumas mulheres despedidas dos seus empregos por estarem grávidas, outras mulheres sobrecarregadas com a gestão afectiva e económica de uma família monoparental, etc.

Sob a organização da activista Companheira Lion Marilú, do Lions Clube Viriato de Viseu, realizou-se mais um jantar! O do dia 8 de Março 2009 – Dia Internacional da Mulher – que reuniu um numeroso grupo de senhoras de Viseu e não só…, com o objectivo de reflectirem sobre a importância da mulher na construção pela Paz, na redução de discrepâncias sociais e culturais e, igualmente, de apelar à grandeza interior da mulher, à sua capacidade de dádiva, de compreensão e de tolerância essenciais na constituição de uma sociedade de laços e afectos: uma sociedade mais humana.

Esta iniciativa contou também com a presença da Companheira Lion Maria Teresa Correia, que já sendo habitual, me testemunhou o quanto empenho e carinho é colocado em todos os pormenores para que cada dia comemorativo se traduza num crescente “DIA ESPECIAL”, desde há cerca de 10 anos!

A Marilú é Especial. A sua sensibilidade e criatividade femininas, a sua força interior e persistência ao serviço do outro, são seguramente, parafraseando Dalai Lama e Wilkinson, um exemplo da força da diferença no feminino.

Neste jantar, além da boa gastronomia beirã, do convívio e confraternização foi ainda, ponto de honra vários momentos culturais, dinamizados pela poetisa Filipa Duarte (“Sussurros e Clamores”) e pela “diseur” Aida Batista, pela pintora Elisabete Bernardo, que evocaram a nobreza e generosidade da Mulher.

Eu, Rosa Guedes, estive lá!

Sou o mais recente elemento do Lions Clube Viriato de Viseu, escrevo em prol de “causas” (autora de “ Clara toma chá com a consciência”, “Olhares sobre infâncias em novelo”, “Quem nunca escreveu a lápis?”) e tal como a famosa escritora e, também Companheira Lion dos Açores, Gabriela Silva, autografámos, com muito carinho, as nossas respectivas obras literárias que patrocinam causas humanitárias ou Instituições Sociais.

De salientar que as escritoras Gabriela Silva e Aida Batista fizeram, neste jantar, um pré-lançamento da obra “Entre margens de afectos” cujos direitos de autor revertem a favor da Liga Portuguesa Contra o Cancro, núcleo Regional dos Açores.

Além da gratidão e capacidade empreendedora da amiga, minha “Madrinha Lionística” Marilú, ficou patente o desejo das mulheres permanecerem caminhantes activas na luta pelos Direitos da Mulher e de serem impulsionadoras de afectos e laços solidários e humanos no seu quotidiano.
Rosa Guedes
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Eu sei que o universo é mais gente do que eu. Sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito. E que o respirar de um só, mesmo que seja o meu, não pesa um total que tende para infinito

Viseu, 8 de Março de 2009

Por existirem mulheres como a Marilú que fazem da vida uma imensa roda solidária, é que acontecem noites como esta.

Obrigada Marilú, por teres partilhado comigo a tua amizade, a tua casa, a tua imensa alegria, a tua família e a tua cidade. É graças a ti, que tenho a honra de estar aqui esta noite, a partilhar com as mulheres da tua cidade, esta data com tanto significado.

Estou a sentir-me em casa. E essa sensação não tem preço. Isto significa que já não estou entre desconhecidas. Esta é a razão porque, em primeira mão, esta noite, vou dar a conhecer um novo trabalho que, começou nas minhas noites de inverno na ilha e ganhou asas monitorizadas quando nele incluí a minha querida amiga, Dr.ª Aida Baptista, que trouxe comigo esta noite, e o pintor açoriano Manuel Martins que infelizmente não pode estar connosco mas que o meu coração exibe nas palavras e nos versos. O Manuel está a acompanhar os últimos momentos de vida da esposa que se encontra internada, em fase terminal, com um cancro que criou metástases por todo o corpo que se abandona agora à paz dos seus últimos momentos.

Os direitos deste livro pertencem ao Núcleo Regional dos Açores da Liga Portuguesa contra o Cancro que apoia as mulheres açorianas que, vitimas desta doença enfrentam as maiores dificuldades para suportarem os tratamentos de quimio e radioterapia que não podem ser feitos nas pequenas ilhas. Infelizmente são muitas, as que abandonam semanalmente a família, para fazerem os seus tratamentos, em regime ambulatório, instaladas em pensões nem sempre confortáveis, num momento em que tanta falta faz o apoio daqueles que amamos. Foi a pensar nessas mulheres, e em todas as que são vítimas dessa maleita silenciosa que tanta vida tem destruído, que nem hesitamos em fazer desta, a nossa causa.

Vamos estar em Lisboa, na Fundação PRO DIGNITATE, na próxima teça feira, para apresentar publicamente este trabalho. Estando pelo meio, como estava, a cidade de Viseu, o Dia Internacional da Mulher e os relacionamentos que aqui tenho como únicos, não podia deixar de estar presente e de mostrar em primeiríssima mão, a obra que reverte a favor de mulheres e que por elas foi escrita.

Cada livro vendido pretende renovar uma esperança, acalentar com um abraço, dar uma nova energia. E, como é no dar que se recebe, estamos aqui a propor uma parceria solidária: compre dois e ofereça um. Acredite que está a dar muito amor, embrulhado em cornucópias cor-de-rosa, poemas de amor e pinturas sensuais. Todos estes ingredientes, apimentados por palavras de amor e de liberdade de, e para, mulheres.

A Marilú, para além de uma amiga com quem sempre podemos contar, é também uma activista do Lions Clube Viriato de Viseu e personalidade empenhada em tudo o que seja acção de solidariedade. Não admira, portanto, que tivesse ficado de coração aberto a que esta noite se apresentasse aqui o livro “Entre margens de afectos” que perde hoje o anonimato na vossa presença.

Mas, porque a vida é breve, e há que vivê-la em toda a sua plenitude, atrevi-me a trazer ao nosso encontro, um pouco dos Açores, algumas notas da sinfonia do nosso mar, para acariciar as palavras escritas, e deixar aqui um pouco da magia do nosso verde, muito do colorido das nossas flores e também algum do nevoeiro da nossa messiânica insularidade. É difícil transportar tanta coisa, mas a provocação que deixo a todas é que se atrevam a dobrar o Cabo do Bojador que o mesmo é dizer:

- Vão às ilhas!

Sentada na praia, à espera, está sempre a minha alma de mulher das ilhas que resiste a todas as tempestades para poder mostrar, prazenteira, em cada verão, o verde único da paisagem da ilha e levar as amigas a verdadeiros retiros de silêncio e reencontro que fazem a diferença no meio de um Mundo carregado de contradições, ansioso por se reencontrar.

Ao som da chamarrita açoriana e enquanto se saboreia o Licor de Maracujá do Ezequiel, as ilhas desfilam aqui em Viseu, na sala do magnífico Hotel “Príncipe Perfeito” que nos acolhe esta noite com a qualidade que já lhe conheço.

Nesta noite de solidariedade, as palavras sobram. Mas deixo-vos ficar uma pedrinha da praia das Flores onde costumo mergulhar para recarregar baterias. As pedrinhas foram apanhadas por mim na baixa-mar desta semana, para trazerem a força telúrica de um cais de partida de muitas, mas muitas emoções.

Bem-hajam todas nesta misteriosa noite de suculentas intimidades e enorme solidariedade.

Vossa amiga
Gabriela Silva

Clima: Subida do nível do mar pode ser duas vezes maior que o antecipado - especialistas

10 de Março de 2009, 16:03

Copenhaga, 10 Mar (Lusa) - Especialistas em alterações climáticas advertiram hoje que os estudos mais recentes sobre o aquecimento global revelam que a subida do nível do mar até ao final deste século poderá ser duas vezes maior que o anteriormente projectado.

Em vez das previsões de uma subida do nível do mar de entre 18 a 59 centímetros até ao final do século admitidas no relatório do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) publicado em 2007, os especialistas, reunidos a partir de hoje num congresso em Copenhaga, passaram admitir uma subida dos oceanos que poderá ultrapassar um metro e não deverá nunca ser inferior a 50 centímetros.

O alerta foi lançado na primeira sessão de trabalho do congresso "Alterações Climáticas: Riscos Globais, Desafios e Decisões", que decorre até quinta-feira na Universidade de Copenhaga como preparação para a "cimeira" do clima, que terá lugar também na capital dinamarquesa em Dezembro para tentar encontrar um acordo global sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa para suceder ao Protocolo de Quioto, que expira em 2012.

Um comunicado da organização do congresso - que integra 10 Universidades - diz que os novos números, resultantes de estudos mais aprofundados sobre o impacto do aquecimento global, "significam que se as emissões de gases com efeito de estufa não forem reduzidas rápida e substancialmente, até no melhor cenário a subida do nível do mar atingirá zonas costeiras onde habita cerca de um décimo da população mundial".

A aceleração da fusão de gelos polares e de glaciares devido ao aquecimento global são dois dos principais factores do agravamento das previsões sobre a subida do vível do mar.

Até quinta-feira, serão apresentados no congresso de Copenhaga - que reúne climatologistas, meteorologistas e oceanógrafos, mas também epidemiologistas e economistas - cerca de 1.600 relatórios e documentos de trabalho de cientistas de 80 países.

Qual será a extensão e impacto da subida dos oceanos? A armazenagem do carbono no subsolo é uma solução realista? Como adaptar a produção agrícola ao anunciado aquecimento global? Qual será o lugar das energias renováveis num mundo com menos carbono em 2050? Como antecipar a onda dos "refugiados climáticos"? são algumas das questões em debate a partir de hoje em Copenhaga.

As conclusões do congresso - em que participa o presidente do IPCC, Rajendra Pachauri - serão apresentadas em Dezembro como material de trababalho para a "cimeira do clima" que tentará definir um acordo sucessor do protocolo de Quioto.

Embora as negociações internacionais em curso para encontrar um novo acordo sobre redução das emissões de gases com efeito de estufa enfrentem dificuldades, em particular a questão do financiamento, os objectivos a médio prazo são claros: diminuição em pelo menos 50 por cento das emissões mundiais até 2050, ou seja, uma redução de pelo menos 80 por cento por parte dos países ricos.

JMR.
Lusa/Fim

segunda-feira, 9 de março de 2009

Jantar da Companheira

O Lions Clube de Ponte de Lima realizou o Jantar da Companheira no dia 02/03/2009, do qual deixamos algumas fotos.

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Associação de caçadores nega envolvimento de associado na morte de águia-imperial

Os especialistas estimam que só existam 400 casais desta espécie no mundo

09.03.2009

Lusa

O presidente da associação de caçadores concessionária da zona de caça alentejana onde foi abatida a tiro uma águia-imperial negou hoje o envolvimento de qualquer associado naquele abate ilegal, que estranhou e acredita ter sido propositado.
"Para mim não foi um acidente", disse à agência Lusa João Baiôa, presidente da Associação de Caça e Pesca "Os Castelos", considerando que "alguém abateu a ave propositadamente".
"Mas não foi nenhum dos nossos associados, porque não frequentam a zona desde 11 de Janeiro, o dia da última caçada", afirmou o responsável da associação concessionária da zona associativa onde foi abatido a tiro, entre 21 e 23 de Fevereiro, o macho do único casal de águia-imperial que nidificou em Portugal em 2008.
Por outro lado, frisou, a associação, desde que teve conhecimento que o casal de águia-imperial estava na zona de caça, "pediu aos associados para evitarem o local, para deixaram as aves nidificar em paz".
Frisando que "um abate ilegal deste tipo pode levar à perda da concessão de uma zona de caça", João Baiôa, escusou-se a fazer acusações e limitou-se a considerar "muito estranho" o abate da águia-imperial, porque "aconteceu numa altura em que foi conhecida a divisão da zona de caça".
Nos últimos 14 anos, a Associação de Caça e Pesca "Os Castelos" tem assumido a concessão da zona de caça associativa que inclui, entre outras, as zonas da Figueirinha e Alcaria do Coelho, num total de 2205 hectares distribuídos pelos concelhos de Mértola e Castro Verde, no distrito de Beja.
Segundo José Baiôa, a partir de 15 de Julho, a Associação de Caça e Pesca "Os Castelos" ficará apenas com a concessão de 1474 hectares, sendo que gestão dos restantes 731 vai transitar para uma zona de caça turística propriedade de privados, que "já andam no terreno".
O macho de águia-imperial foi encontrado morto há duas semanas junto ao seu ninho e a necropsia revelou que foi atingida por chumbos de caçadeira, segundo o Segundo o Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), que vai apresentar uma queixa-crime ao Ministério Público contra "incertos".
A cria já havia abandonado o ninho, frisou o instituto, sublinhando que o abate desta águia configura "uma contra-ordenação ambiental muito grave", segundo o Regime Jurídico da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (Decreto-Lei nº 142/2008, de 24 de Julho).
A águia-imperial é uma das aves de rapina mais ameaçadas do mundo, estimando-se que existam apenas 400 casais sobreviventes, está classificada como "em perigo de extinção" e, a nível europeu, é considerada como "globalmente ameaçada".
Em Portugal, estima-se que existam menos de 10 exemplares de águia-imperial, confirmando-se a sua presença no troço superior do rio Tejo e respectivos afluentes, na bacia do rio Guadiana, nomeadamente nas Zonas de Protecção Especial (ZPE) de Moura/Mourão/Barrancos, Vale do Guadiana e Castro Verde.
O Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal classifica a águia-imperial como "criticamente em perigo". Trata-se de uma espécie prioritária para a conservação da natureza, no âmbito da legislação europeia (Decreto-Lei nº49/2005, de 24 de Fevereiro, relativo à conservação das aves selvagens - Directiva aves - e à preservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens - Directiva habitats).

EDP toma posse administrativa dos terrenos para avançar com a barragem do Sabor

Foto: Luís Efigénio (arquivo)

A barragem, pronta em 2013, vai inundar cerca de 3 mil hectares

09.03.2009
Pedro Garcias

O Ministério do Ambiente declarou a utilidade pública da expropriação de 516 parcelas de terreno no concelho de Moncorvo que estavam a impedir o início das obras do aproveitamento hidroeléctrico do Baixo Sabor. Com esta decisão, publicada em Diário da República na passada sexta-feira, a EDP tomou posse administrativa sobre aquelas parcelas, numa altura em que ainda mantinha negociações com alguns dos proprietários. Os terrenos agora expropriados situam-se nas freguesias de Torre de Moncorvo, Adeganha, Cardanha e Larinho.
O aproveitamento, que terá duas barragens e que se prevê fique concluído em 2013, vai inundar cerca de 3 mil hectares de terreno, uma parte de grande valor agrícola. Algumas quintas vão ser submersas e os proprietários de duas delas, por sinal as maiores, a Quinta da Portela e a Quinta das Laranjeiras, não concordavam com os preços propostos pela EDP. Com a expropriação dos terrenos, a EDP fica com outro poder negocial, pois caberá aos proprietários fazer prova em tribunal que os terrenos valem mais do que está a ser oferecido.A empresa já tinha conseguido negociar a aquisição da maioria dos terrenos, para os quais destinou 7, 6 milhões de euros. Mas, sem a declaração de utilidade pública, não poderia avançar, até porque as quintas que mais se opõem são as que influenciam mais directamente a obra. Na Quinta da Portela, além da submersão de uma grande parte dos 69 hectares da propriedade, a EDP tenciona instalar o estaleiro para o contra-embalse numa vinha de Touriga Nacional. Joaquim Morais Vaz, o proprietário, sustenta que havia outras localizações possíveis e lamenta a forma como a EDP tem negociado. “Aos pequenos proprietários, têm pago bem, mas às quintas maiores oferece valores muito baixos”, queixa-se.
O processo de negociação já se arrasta há mais de um ano e, em 28 de Julho passado, quando o número de acordos ainda era diminuto, o Conselho de Administração da EDP-Gestão da Produção de Energia, S.A, decidiu pedir a declaração de utilidade pública dos terrenos. A luz verde do Ministério do Ambiente chegou agora. Sem processos pendentes no Tribunal, a obra pode agora, finalmente, arrancar.

Segunda maior central solar em Portugal começa a produzir amanhã

Foto: António Carrapato (arquivo)
O projecto representa um investimento de quase 50 milhões de euros

09.03.2009
Lusa

A segunda maior central solar fotovoltaica em Portugal começa a produzir parcialmente amanhã em Ferreira do Alentejo (Beja), devendo começar a funcionar em pleno até final deste ano, após um investimento de quase 50 milhões de euros.
A central, com uma capacidade total instalada de 12 megawatts (MW), é hoje ligada à rede eléctrica nacional e começa a produzir amanhã de forma parcial e com os primeiros sete MW já instalados, adiantou hoje Hélder Serranho, administrador do grupo português Generg, promotor do projecto.
Segue-se a instalação dos restantes cinco MW "até final deste ano", altura em que a central deverá começar a funcionar em pleno, para produzir 21,3 gigawatts/hora de energia "limpa" por ano, "ligeiramente mais do que o consumo anual de electricidade do concelho de Ferreira do Alentejo".
Em termos de "benefícios ambientais", a central, o primeiro projecto fotovoltaico do grupo Generg e que está a ser instalada num terreno de quase 60 hectares na Herdade da Chaminé, vai evitar anualmente a importação de sete mil toneladas de fuel (cerca de 48 mil barris de petróleo não refinado) e permitir poupar 12 mil toneladas de emissões de CO2, salientou Hélder Serranho. Quanto a impactos socioeconómicos, frisou, o projecto da central, orçado em quase 50 milhões de euros, "um dos maiores investimentos em energias renováveis no Alentejo", vai criar "seis empregos, três dos quais permanentes", além dos postos de trabalho temporários nas fases de instalação.
Hélder Serranho salientou também os benefícios sociais do projecto, frisando que o grupo Generg celebrou um contrato de direito de superfície com a Santa Casa da Misericórdia de Ferreira do Alentejo (SCMFA), a administradora da Herdade da Chaminé. Através do contrato, explicou, o grupo, durante os 25 anos que a central irá funcionar ocupando cerca de 60 hectares da herdade, irá pagar uma renda anual à SCMFA que permitirá "melhorar o apoio social à população do concelho, sobretudo aos mais carenciados".
Quando estiver totalmente instalada e a funcionar em pleno, a central solar do grupo Generg, a segunda de três no concelho de Ferreira do Alentejo, será a segunda maior em Portugal, depois da maior do mundo com 46,41 MW e a produzir em pleno desde Dezembro de 2008 perto da vila de Amareleja, no concelho de Moura.
Além da central do grupo Generg, em Ferreira do Alentejo já funciona em pleno, desde Dezembro de 2008, uma da empresa Net Plan, com 1,8 MW distribuídos por cinco pequenas centrais, e está em instalação uma outra da Sociedade Ventos da Serra, com 10 MW e que deverá começar a produzir parcialmente em Junho. No distrito de Beja, que tem a maior potência fotovoltaica licenciada em Portugal, além das três centrais de Ferreira do Alentejo e da maior do mundo na Amareleja, existem outras quatro centrais, duas em Mértola, uma em Brinches (Serpa) e outra em Almodôvar.