“As transformações mentais demoram e não são fáceis. Exigem um esforço constante."
(Dalai Lama)
"Aquele que tentou e não conseguiu, é superior àquele que não tentou."
(Bud Wilkinson)
Viseu, 08 de Março de 2009
É-me muito difícil falar sobre o Dia Internacional da Mulher. Hoje, na sociedade global, temos a ilusão de que a mulher já alcançou vários direitos: a maternidade, a independência, o acesso a várias profissões outrora exclusivamente masculinas, etc.
Todavia, por esse mundo fora há mulheres que não têm direito a irem à escola, a escolherem o marido ou até a trabalharem. Tomemos como exemplo, as recentes notícias das jovens da Guiné - Bissau.
Porém, dentro de portas, há ainda várias mulheres vítimas de maus tratos físicos e/ou psicológicos, algumas mulheres despedidas dos seus empregos por estarem grávidas, outras mulheres sobrecarregadas com a gestão afectiva e económica de uma família monoparental, etc.
Sob a organização da activista Companheira Lion Marilú, do Lions Clube Viriato de Viseu, realizou-se mais um jantar! O do dia 8 de Março 2009 – Dia Internacional da Mulher – que reuniu um numeroso grupo de senhoras de Viseu e não só…, com o objectivo de reflectirem sobre a importância da mulher na construção pela Paz, na redução de discrepâncias sociais e culturais e, igualmente, de apelar à grandeza interior da mulher, à sua capacidade de dádiva, de compreensão e de tolerância essenciais na constituição de uma sociedade de laços e afectos: uma sociedade mais humana.
Esta iniciativa contou também com a presença da Companheira Lion Maria Teresa Correia, que já sendo habitual, me testemunhou o quanto empenho e carinho é colocado em todos os pormenores para que cada dia comemorativo se traduza num crescente “DIA ESPECIAL”, desde há cerca de 10 anos!
A Marilú é Especial. A sua sensibilidade e criatividade femininas, a sua força interior e persistência ao serviço do outro, são seguramente, parafraseando Dalai Lama e Wilkinson, um exemplo da força da diferença no feminino.
Neste jantar, além da boa gastronomia beirã, do convívio e confraternização foi ainda, ponto de honra vários momentos culturais, dinamizados pela poetisa Filipa Duarte (“Sussurros e Clamores”) e pela “diseur” Aida Batista, pela pintora Elisabete Bernardo, que evocaram a nobreza e generosidade da Mulher.
Eu, Rosa Guedes, estive lá!
Sou o mais recente elemento do Lions Clube Viriato de Viseu, escrevo em prol de “causas” (autora de “ Clara toma chá com a consciência”, “Olhares sobre infâncias em novelo”, “Quem nunca escreveu a lápis?”) e tal como a famosa escritora e, também Companheira Lion dos Açores, Gabriela Silva, autografámos, com muito carinho, as nossas respectivas obras literárias que patrocinam causas humanitárias ou Instituições Sociais.
De salientar que as escritoras Gabriela Silva e Aida Batista fizeram, neste jantar, um pré-lançamento da obra “Entre margens de afectos” cujos direitos de autor revertem a favor da Liga Portuguesa Contra o Cancro, núcleo Regional dos Açores.
Além da gratidão e capacidade empreendedora da amiga, minha “Madrinha Lionística” Marilú, ficou patente o desejo das mulheres permanecerem caminhantes activas na luta pelos Direitos da Mulher e de serem impulsionadoras de afectos e laços solidários e humanos no seu quotidiano.
Rosa Guedes
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Eu sei que o universo é mais gente do que eu. Sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito. E que o respirar de um só, mesmo que seja o meu, não pesa um total que tende para infinito
Viseu, 8 de Março de 2009
Por existirem mulheres como a Marilú que fazem da vida uma imensa roda solidária, é que acontecem noites como esta.
Obrigada Marilú, por teres partilhado comigo a tua amizade, a tua casa, a tua imensa alegria, a tua família e a tua cidade. É graças a ti, que tenho a honra de estar aqui esta noite, a partilhar com as mulheres da tua cidade, esta data com tanto significado.
Estou a sentir-me em casa. E essa sensação não tem preço. Isto significa que já não estou entre desconhecidas. Esta é a razão porque, em primeira mão, esta noite, vou dar a conhecer um novo trabalho que, começou nas minhas noites de inverno na ilha e ganhou asas monitorizadas quando nele incluí a minha querida amiga, Dr.ª Aida Baptista, que trouxe comigo esta noite, e o pintor açoriano Manuel Martins que infelizmente não pode estar connosco mas que o meu coração exibe nas palavras e nos versos. O Manuel está a acompanhar os últimos momentos de vida da esposa que se encontra internada, em fase terminal, com um cancro que criou metástases por todo o corpo que se abandona agora à paz dos seus últimos momentos.
Os direitos deste livro pertencem ao Núcleo Regional dos Açores da Liga Portuguesa contra o Cancro que apoia as mulheres açorianas que, vitimas desta doença enfrentam as maiores dificuldades para suportarem os tratamentos de quimio e radioterapia que não podem ser feitos nas pequenas ilhas. Infelizmente são muitas, as que abandonam semanalmente a família, para fazerem os seus tratamentos, em regime ambulatório, instaladas em pensões nem sempre confortáveis, num momento em que tanta falta faz o apoio daqueles que amamos. Foi a pensar nessas mulheres, e em todas as que são vítimas dessa maleita silenciosa que tanta vida tem destruído, que nem hesitamos em fazer desta, a nossa causa.
Vamos estar em Lisboa, na Fundação PRO DIGNITATE, na próxima teça feira, para apresentar publicamente este trabalho. Estando pelo meio, como estava, a cidade de Viseu, o Dia Internacional da Mulher e os relacionamentos que aqui tenho como únicos, não podia deixar de estar presente e de mostrar em primeiríssima mão, a obra que reverte a favor de mulheres e que por elas foi escrita.
Cada livro vendido pretende renovar uma esperança, acalentar com um abraço, dar uma nova energia. E, como é no dar que se recebe, estamos aqui a propor uma parceria solidária: compre dois e ofereça um. Acredite que está a dar muito amor, embrulhado em cornucópias cor-de-rosa, poemas de amor e pinturas sensuais. Todos estes ingredientes, apimentados por palavras de amor e de liberdade de, e para, mulheres.
A Marilú, para além de uma amiga com quem sempre podemos contar, é também uma activista do Lions Clube Viriato de Viseu e personalidade empenhada em tudo o que seja acção de solidariedade. Não admira, portanto, que tivesse ficado de coração aberto a que esta noite se apresentasse aqui o livro “Entre margens de afectos” que perde hoje o anonimato na vossa presença.
Mas, porque a vida é breve, e há que vivê-la em toda a sua plenitude, atrevi-me a trazer ao nosso encontro, um pouco dos Açores, algumas notas da sinfonia do nosso mar, para acariciar as palavras escritas, e deixar aqui um pouco da magia do nosso verde, muito do colorido das nossas flores e também algum do nevoeiro da nossa messiânica insularidade. É difícil transportar tanta coisa, mas a provocação que deixo a todas é que se atrevam a dobrar o Cabo do Bojador que o mesmo é dizer:
- Vão às ilhas!
Sentada na praia, à espera, está sempre a minha alma de mulher das ilhas que resiste a todas as tempestades para poder mostrar, prazenteira, em cada verão, o verde único da paisagem da ilha e levar as amigas a verdadeiros retiros de silêncio e reencontro que fazem a diferença no meio de um Mundo carregado de contradições, ansioso por se reencontrar.
Ao som da chamarrita açoriana e enquanto se saboreia o Licor de Maracujá do Ezequiel, as ilhas desfilam aqui em Viseu, na sala do magnífico Hotel “Príncipe Perfeito” que nos acolhe esta noite com a qualidade que já lhe conheço.
Nesta noite de solidariedade, as palavras sobram. Mas deixo-vos ficar uma pedrinha da praia das Flores onde costumo mergulhar para recarregar baterias. As pedrinhas foram apanhadas por mim na baixa-mar desta semana, para trazerem a força telúrica de um cais de partida de muitas, mas muitas emoções.
Bem-hajam todas nesta misteriosa noite de suculentas intimidades e enorme solidariedade.
Vossa amiga
Gabriela Silva