Lusa
O mundo "vai enfrentar uma crise muito séria" se os comportamentos de consumo de água não se alterarem, alerta um relatório das Nações Unidas apresentado hoje no V Fórum Mundial da Água, que decorre esta semana em Istambul (Turquia).
A “inacção já não é uma opção”, lembrou Koichiro Matsuura, director-geral das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
"A água precisa de ter alta prioridade", alertou o responsável, lembrando que neste momento existem meios necessários para prevenir essa crise e que no relatório "Água num mundo em mudança", de 348 páginas, surgem muitos exemplos de boas práticas que os líderes políticos podem adoptar.
Matsuura lamentou que responsáveis pelo sector da água saibam há muito como actuar de forma sustentável, mas continuem a falhar no desenvolvimento de políticas e no reforço de meios humanos e financeiros para responder a esta questão.A explosão demográfica, o crescimento económico e as alterações climáticas são os principais factores que afectam o sistema da água no planeta, segundo o relatório.
Relatório olhou para situação hídrica em 25 países
O relatório estudou 20 casos e analisou a situação da água e saneamento em mais de 25 países e por regiões.
Em África, a "culpa" da pobreza se manter "virtualmente igual" desde a década de 1980 é em boa parte da má gestão dos recursos hídricos, conclui o documento. Na região da Ásia e Pacífico vive 60 por cento da população mundial com apenas 36 por cento dos recursos hídricos de todo o mundo.
Já na Europa e no Norte de África, a quantidade de água não parece ser um problema imediato, refere ainda o relatório, lembrando que os países da União Europeia estão a trabalhar juntos no sentido de estabelecer regras exigentes. A Estónia surge como o país exemplar no que toca ao uso eficiente da água: o consumo para a agricultura reduziu drasticamente e o preço da água subiu cerca de 25 vezes.
Segundo o documento, existe um outro problema, que tem a ver com a gestão das áreas urbanas europeias. Em Istambul, por exemplo, é preocupante a situação dos 12 milhões de habitantes da cidade, que vivem em dois continentes (Europa e Ásia), uma vez que os reservatórios de água são limitados e estão cada vez mais vazios: em 2004 estavam com 45 por cento da sua capacidade e em 2008 já só tinham 25 por cento.
Já na América Latina não existe falta de água potável - é a região mais rica do mundo no que toca a recursos de água potável per capita - mas esta abundância está a provocar problemas ambientais: a subida do nível das águas e as cheias.
"Temos aqui uma oportunidade para usar o relatório das Nações Unidas como um diagnóstico sobre a situação actual da água e avançar no sentido de criar soluções de mudança efectivas", disse Oktay Tabasaran, secretário-geral do Fórum.
Ger Bergkamp, director-geral do Conselho Mundial da Água, mostrou-se optimista quanto ao futuro e a importância do encontro, que decorre até ao final da semana em Istambul: "Acreditamos que teremos resultados positivos das reuniões a alto nível entre especialistas e governantes que estão a decorrer para desenvolver soluções sustentáveis para o problema mundial da água".
O maior encontro mundial sobre água começou ontem em Istambul, onde deverão participar cerca de 200 ministros de todo o mundo e representantes de mais de 300 organizações para debater e propor soluções sustentáveis para o consumo da água.
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