segunda-feira, 30 de março de 2009

Como saber usar o silêncio

O valor do silêncio
No meio de tanto ruído, só temos este antídoto eficaz

Tudo em nosso redor são sons estridentes de um ruído que, por vezes, se torna ensurdecedor. Diariamente somos bombardeados das mais diversas formas, através da rádio, televisão e outros meios audiovisuais, para além daqueles que não têm som, mas penetram no nosso interior. Por exemplo: a imprensa escrita não tem som, mas faz eco quando os assuntos que trata raiam a falta de valores que campeia na nossa sociedade.O silêncio tem duas facetas distintas, sobretudo quanto à sua utilização. A positiva, que marca a nossa interioridade e procura de reflexão num determinado espaço ou tempo; e a negativa, quando passa pela omissão em algo que deveríamos defender, delimitando a nossa posição enquanto seres humanos, cristãos ou simples cidadãos. Vamos abordar o aspecto da cidadania. Muitos de nós refugiamo-nos na nossa concha e deixamos que os outros façam aquilo que devíamos fazer. É um silêncio negativo e pouco conforme à nossa condição de cristãos.A participação na vida activa de instituições, sobretudo naquelas que se dedicam ao bem comum, deveria ser uma preocupação de todos nós. É preciso conhecer as pessoas e as coisas para sermos capazes de as compreender e ajudar.Mas há outro aspecto que repugna a muitos cidadãos e que é uma forma de silêncio muito grave. A omissão enquanto participantes de uma sociedade livre com direitos, liberdades e garantias. Em Portugal, todo o indivíduo tem esse gozo, mas é necessário que o saiba utilizar em seu benefício e de todos aqueles que fazem parte deste país.Estamos em ano de eleições. Seremos chamados ás urnas para as Europeias, Legislativas e Autárquicas, embora as datas ainda não estejam marcadas. Grande parte das pessoas não gostam de política, nem se interessam por ela, mas a verdade é que a nossa vida é decidida pelas instituições e seus dirigentes políticos.Numa sociedade democrática, as decisões são tomadas pelos cidadãos, mas através dos seus representantes nas instituições do País. Ou seja, nós quando vamos votar “passamos” uma procuração aos partidos políticos para eles exercerem a governação em representação de cada um de nós.A maior parte das pessoas estão desiludidas com a actuação dos políticos e infelizmente têm razão para tal. Contudo, isso não nos dá o direito da omissão. Se não agem como deviam, mesmo assim, temos o dever de votar naquele(s) que nos merecer(em) alguma credibilidade. Caso contrário, teremos que aceitar as consequências de sermos governados por partidos políticos que não respeitam e muito menos, protegem o cidadão. Neste sentido, somos responsáveis por nós e pelos outros.A política devia ser uma disciplina escolar, integrada ou não, noutra que é a cidadania e que também não é administrada no ensino. Certamente, se tal acontecesse, cada um de nós estaria mais consciente deste valor. Em democracia, a única arma do cidadão é o voto. Sabemos que para os políticos não interessa que o povo seja culto e conhecedor dos seus direitos. Mas isso não impedirá que cada um de nós aprenda a exercê-los devidamente. A grande vantagem do voto é o silêncio, ou seja, podemos votar em quem entendermos, sem que os outros conheçam as nossas opções. Usemos bem esta faculdade e não nos arrependeremos.

Eduardo Santos
FÁTIMA MISSIONÁRIA
14-03-2009

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