O Dia Internacional da Mulher surgiu no dia 8 de Março de 1857, em Nova Iorque, quando um grupo de mulheres empregadas em fábricas de vestuário e têxtil protestaram contra as más condições de trabalho e reduzidos salários.
A Efeméride, embora tenha sido criada na viragem do século XX durante o processo de industrialização que obrigava as mulheres a laborar em condições de trabalho desfavoráveis, continua a ser celebrada. Mas valerá a pena continuar a celebrar esta data? Será que a mulher continua a ser vítima de desigualdades sociais ou antes pelo contrário atingiu, em pleno, a igualdade de direitos? Se no passado, a data permitiu assinalar as injustiças laborais, em Portugal o Dia Internacional da Mulher tem servido essencialmente como alerta para os casos de violência doméstica. Os dados falam por si. Em Portugal, o número de ocorrências registadas na PSP e na GNR já ultrapassou as 20 mil por ano. No distrito de Viseu, segundo dados da GNR, houve, em 2008 um aumento de 25 por cento do número de casos de violência doméstica.
Contudo, o distrito continua sem Gabinete da Associação Portuguesa de Apoio às Vítimas, por falta de parceiros no terreno.
A realidade da mulher na sociedade portuguesa apresenta ainda algumas fragilidades.
Deputadas, autarcas, coordenadoras de projectos distritais, isto é, mulheres com cargos públicos denunciam algumas injustiças e explicam-nos a importância de continuar a comemorar o dia.
Por ocasião da comemoração do Dia Internacional da Mulher, não podemos deixar de relevar que, decorridos quase dois séculos da histórica jornada de luta das operárias de Nova Iorque, estamos, ainda longe, de ver consagrada a igualdade de direitos, sendo que as mulheres continuam a ser as principais vítimas do neo-liberalismo e do conservadorismo, a nível laboral e social.
No que concerne à questão que me é colocada, não me ocorre alguma situação em que o facto de eu ser mulher tenha limitado, significativamente, a minha actividade. No entanto, são inúmeros os momentos em que me sinto revoltada quando os estereótipos ligados ao género estão presentes em apreciações/ decisões sobre a actividade política ou o exercício de cargos públicos por mulheres. Não posso deixar, também, de enfatizar que a segunda jornada de trabalho– os cuidados dos filhos, dos idosos e as tarefas domésticas - afecta, sobretudo, as mulheres, obviando a que pessoas com grande capacidade exerçam cargos públicos, em prejuízo da sua realização pessoal e do País.
A Efeméride, embora tenha sido criada na viragem do século XX durante o processo de industrialização que obrigava as mulheres a laborar em condições de trabalho desfavoráveis, continua a ser celebrada. Mas valerá a pena continuar a celebrar esta data? Será que a mulher continua a ser vítima de desigualdades sociais ou antes pelo contrário atingiu, em pleno, a igualdade de direitos? Se no passado, a data permitiu assinalar as injustiças laborais, em Portugal o Dia Internacional da Mulher tem servido essencialmente como alerta para os casos de violência doméstica. Os dados falam por si. Em Portugal, o número de ocorrências registadas na PSP e na GNR já ultrapassou as 20 mil por ano. No distrito de Viseu, segundo dados da GNR, houve, em 2008 um aumento de 25 por cento do número de casos de violência doméstica.
Contudo, o distrito continua sem Gabinete da Associação Portuguesa de Apoio às Vítimas, por falta de parceiros no terreno.
A realidade da mulher na sociedade portuguesa apresenta ainda algumas fragilidades.
Deputadas, autarcas, coordenadoras de projectos distritais, isto é, mulheres com cargos públicos denunciam algumas injustiças e explicam-nos a importância de continuar a comemorar o dia.
ed. 363, 27 de Fevereiro de 2009
Uma situação, que considero engraçada, e que ocorreu ainda eu era médica no Centro de Saúde de Nelas.
Um utente, residente num concelho limítrofe, dirige-se à secretaria do Centro de Saúde e pergunta quem era o médico que estava de serviço ao SAP. Foi informado que era uma médica. O Homem mostrou um grande desalento e disse: Mas será que neste país; só há médicas? Já fui ao SAP de Mangualde e de Carregal do Sal e só há médicas de serviço no SAP. A funcionária da secretaria mostrou-se surpreendida e perguntou qual era o problema. O senhor respondeu que a doença dele era "Uma doença de homens".
Devo dizer que se tratava de um senhor com formação académica que ocupa um lugar de quadro superior.
Acho que faz sentido comemorar o Dia Internacional da Mulher, se olharmos esta data; como uma grande homenagem a todas as mulheres e homens que ao longo dos anos contribuíram determinantemente para a luta contra a discriminação, as desigualdades e a exclusão Social. Para assinalar este dia, a Câmara Municipal e o Serviço de Desportivo da Autarquia vão organizar uma manhã dedicada especialmente às mulheres, mas também aos homens do concelho que podem participar numa caminhada, aula de aeróbica e de "tai-chi", a partir 09h00.
Um utente, residente num concelho limítrofe, dirige-se à secretaria do Centro de Saúde e pergunta quem era o médico que estava de serviço ao SAP. Foi informado que era uma médica. O Homem mostrou um grande desalento e disse: Mas será que neste país; só há médicas? Já fui ao SAP de Mangualde e de Carregal do Sal e só há médicas de serviço no SAP. A funcionária da secretaria mostrou-se surpreendida e perguntou qual era o problema. O senhor respondeu que a doença dele era "Uma doença de homens".
Devo dizer que se tratava de um senhor com formação académica que ocupa um lugar de quadro superior.
Acho que faz sentido comemorar o Dia Internacional da Mulher, se olharmos esta data; como uma grande homenagem a todas as mulheres e homens que ao longo dos anos contribuíram determinantemente para a luta contra a discriminação, as desigualdades e a exclusão Social. Para assinalar este dia, a Câmara Municipal e o Serviço de Desportivo da Autarquia vão organizar uma manhã dedicada especialmente às mulheres, mas também aos homens do concelho que podem participar numa caminhada, aula de aeróbica e de "tai-chi", a partir 09h00.
Isaura Pedro
Presidente da autarquia de Nelas
ed. 363, 27 de Fevereiro de 2009
ed. 363, 27 de Fevereiro de 2009
No meu percurso profissional nunca senti, pelo menos de forma explícita, que estava a ser vítima de qualquer descriminação pelo facto de ser mulher ou que considerassem que não conseguia desempenhar as minhas funções com a mesma competência dos meus colegas do sexo masculino. Actualmente, a minha actividade profissional, como Coordenadora do Departamento dos Bens Culturais da Diocese de Viseu, desenvolve-se num âmbito absolutamente dominado por homens e todos os meus superiores são do sexo masculino, contudo, a minha integração foi fácil e não me têm sido colocados quaisquer dificuldades ou resistências.
Presentemente, as minhas preocupações orientam-se mais para o desafio que é conseguir ter uma ocupação profissional, de que gosto, exigente e absorvente, em equilíbrio com a vida familiar. Falta-me tempo para mim, para os meus filhos e marido, para as actividades de lazer. Este é o desafio com que me confronto diariamente…
Presentemente, as minhas preocupações orientam-se mais para o desafio que é conseguir ter uma ocupação profissional, de que gosto, exigente e absorvente, em equilíbrio com a vida familiar. Falta-me tempo para mim, para os meus filhos e marido, para as actividades de lazer. Este é o desafio com que me confronto diariamente…
Fátima Eusébio
Coordenadora do Departamento dos Bens Culturais da Diocese de Viseu
ed. 363, 27 de Fevereiro de 2009
ed. 363, 27 de Fevereiro de 2009
Por ocasião da comemoração do Dia Internacional da Mulher, não podemos deixar de relevar que, decorridos quase dois séculos da histórica jornada de luta das operárias de Nova Iorque, estamos, ainda longe, de ver consagrada a igualdade de direitos, sendo que as mulheres continuam a ser as principais vítimas do neo-liberalismo e do conservadorismo, a nível laboral e social.
No que concerne à questão que me é colocada, não me ocorre alguma situação em que o facto de eu ser mulher tenha limitado, significativamente, a minha actividade. No entanto, são inúmeros os momentos em que me sinto revoltada quando os estereótipos ligados ao género estão presentes em apreciações/ decisões sobre a actividade política ou o exercício de cargos públicos por mulheres. Não posso deixar, também, de enfatizar que a segunda jornada de trabalho– os cuidados dos filhos, dos idosos e as tarefas domésticas - afecta, sobretudo, as mulheres, obviando a que pessoas com grande capacidade exerçam cargos públicos, em prejuízo da sua realização pessoal e do País.
Maria Graça Pinto
Deputada do Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal
ed. 363, 27 de Fevereiro de 2009
ed. 363, 27 de Fevereiro de 2009
Ter intervenção política é, acima de tudo, ter a possibilidade de poder "provocar" a consciência social para problemas que, apesar de puras realidades de "sensu comum", na verdade, como que parecem ocultadas por uma sociedade que timidamente ousa abordar, no sentido de sensibilizar/denunciar, numa lógica de prevenção/acção.
Quando se estima que o número total de mulheres assassinadas em Portugal entre 2004 e Novembro de 2008 seja superior a 182 (!), é caso para pensar e repensar o papel de cidadãos interventores, esclarecidos, formadores e denunciadores deste flagelo que grassa no nosso quotidiano: a violência doméstica.
Perante números cada vez mais reveladores, no Distrito de Viseu, enquanto mulher não podia deixar passar a oportunidade para trazer este assunto à colação, como membro da Assembleia Municipal de Viseu.
O Colóquio sobre a temática da Violência Doméstica, que a Assembleia Municipal, vai realizar em 2009, é a prova de que é possível, "sem tabus", pôr uma sociedade a reflectir, tornando-a mais justa e solidária, pugnando pela dignidade da pessoa humana e, principalmente, pelo respeito dos direitos humanos e liberdades fundamentais.
Quando se estima que o número total de mulheres assassinadas em Portugal entre 2004 e Novembro de 2008 seja superior a 182 (!), é caso para pensar e repensar o papel de cidadãos interventores, esclarecidos, formadores e denunciadores deste flagelo que grassa no nosso quotidiano: a violência doméstica.
Perante números cada vez mais reveladores, no Distrito de Viseu, enquanto mulher não podia deixar passar a oportunidade para trazer este assunto à colação, como membro da Assembleia Municipal de Viseu.
O Colóquio sobre a temática da Violência Doméstica, que a Assembleia Municipal, vai realizar em 2009, é a prova de que é possível, "sem tabus", pôr uma sociedade a reflectir, tornando-a mais justa e solidária, pugnando pela dignidade da pessoa humana e, principalmente, pelo respeito dos direitos humanos e liberdades fundamentais.
Claúdia Bento
Jurista
ed. 363, 27 de Fevereiro de 2009
ed. 363, 27 de Fevereiro de 2009
Mesmo na contemporaneidade, em que o poder entre os sexos tende para um maior equilíbrio e é «formalmente» reconhecida a igualdade, subsistem ainda remotos estereótipos.
O adjectivo fraco associado à mulher, na linguagem comum, ainda hoje, reproduz bem as representações sociais e simbólicas associadas ao sexo feminino. A desvalorização que lhe é subliminar é o espelho desta sociedade estruturada em tabus, preconceitos e relações de força /poder.
Estas representações sobre os papéis de género articulam-se com a tolerância à discriminação. Há uma certa permeabilidade a noções que contribuem para a minimização, desculpabilização e até de legitimação de toda a espécie de violência mais ou menos explícita sobre a mulher.
O jogo do poder está subjacente aos papéis desempenhados por ambos os sexos.
A questão do poder é central.
O poder político, que, em regra, ao longo dos tempos, excluiu a mulher, subverteu a ética e o equilíbrio das relações entre os dois géneros.
A introdução/ imposição de medidas formais ou legais, de acção positiva, como a Lei da Paridade, integra-se numa perspectiva mais ampla de cidadania, mas subsistem, socialmente, visões distorcidas, intencionais, quanto à relevância da participação feminina nos lugares de decisão política, económica, social ou cultural. A escassa presença feminina no poder é o seu corolário.
Sem particularizar, devo reconhecer que a entrada das mulheres, para lugares de decisão política ainda se faz por uma porta demasiada estreita, onde se jogam pressões cruzadas, que se prendem com questões da conciliação das áreas de âmbito pessoal, familiar e profissional e com a demonstração inequívoca de exponenciais competências para o desempenho dos cargos a que se propõem.
A solução passa por assumir uma parceria societária, homens e mulheres, que se proponha romper com o «estabelecido».
Para conclusão, e como homenagem à Mulher, acho adequado este pensamento de I. Kant (1785), «Tudo tem um preço ou uma dignidade. Podemos substituir pelo seu equivalente aquilo que tem um preço; em contrapartida, aquilo que não tem preço, e portanto não tem equivalente, é aquilo que possui uma dignidade».
O adjectivo fraco associado à mulher, na linguagem comum, ainda hoje, reproduz bem as representações sociais e simbólicas associadas ao sexo feminino. A desvalorização que lhe é subliminar é o espelho desta sociedade estruturada em tabus, preconceitos e relações de força /poder.
Estas representações sobre os papéis de género articulam-se com a tolerância à discriminação. Há uma certa permeabilidade a noções que contribuem para a minimização, desculpabilização e até de legitimação de toda a espécie de violência mais ou menos explícita sobre a mulher.
O jogo do poder está subjacente aos papéis desempenhados por ambos os sexos.
A questão do poder é central.
O poder político, que, em regra, ao longo dos tempos, excluiu a mulher, subverteu a ética e o equilíbrio das relações entre os dois géneros.
A introdução/ imposição de medidas formais ou legais, de acção positiva, como a Lei da Paridade, integra-se numa perspectiva mais ampla de cidadania, mas subsistem, socialmente, visões distorcidas, intencionais, quanto à relevância da participação feminina nos lugares de decisão política, económica, social ou cultural. A escassa presença feminina no poder é o seu corolário.
Sem particularizar, devo reconhecer que a entrada das mulheres, para lugares de decisão política ainda se faz por uma porta demasiada estreita, onde se jogam pressões cruzadas, que se prendem com questões da conciliação das áreas de âmbito pessoal, familiar e profissional e com a demonstração inequívoca de exponenciais competências para o desempenho dos cargos a que se propõem.
A solução passa por assumir uma parceria societária, homens e mulheres, que se proponha romper com o «estabelecido».
Para conclusão, e como homenagem à Mulher, acho adequado este pensamento de I. Kant (1785), «Tudo tem um preço ou uma dignidade. Podemos substituir pelo seu equivalente aquilo que tem um preço; em contrapartida, aquilo que não tem preço, e portanto não tem equivalente, é aquilo que possui uma dignidade».
Fátima Ferreira
Presidente do Departamento Federativo das Mulheres Socialistas
ed. 363, 27 de Fevereiro de 2009
ed. 363, 27 de Fevereiro de 2009
Dia da Mulher.
É um dia como outro qualquer! (ditava o Jornal "República" de 28 de Setembro de 1939).
"Em Paris, em Berlim, em Londres, em Moscovo enquanto os homens partem para a guerra, as mulheres tomam conta de todas as profissões, com farda ou sem farda. Fazem-se "chaufeuses" de táxi, condutoras de eléctricos, revisoras nos caminhos-de-ferro, chefes de repartição, distribuidoras de cartas, criadas de café, caixeiras, ferreiras, funileiras, barbeiras, etc.".
Estamos em 2009!
Passaram setenta longos anos!
Não estamos em guerra, só em crise!
Mas, mantemos as mesmas profissões, às quais juntamos muitas mais, sendo todas exercidas com qualidade e, principalmente com muito profissionalismo.
Francamente! Nem nos atrevemos a pensar que assim não seja.
É um dia como outro qualquer! (ditava o Jornal "República" de 28 de Setembro de 1939).
"Em Paris, em Berlim, em Londres, em Moscovo enquanto os homens partem para a guerra, as mulheres tomam conta de todas as profissões, com farda ou sem farda. Fazem-se "chaufeuses" de táxi, condutoras de eléctricos, revisoras nos caminhos-de-ferro, chefes de repartição, distribuidoras de cartas, criadas de café, caixeiras, ferreiras, funileiras, barbeiras, etc.".
Estamos em 2009!
Passaram setenta longos anos!
Não estamos em guerra, só em crise!
Mas, mantemos as mesmas profissões, às quais juntamos muitas mais, sendo todas exercidas com qualidade e, principalmente com muito profissionalismo.
Francamente! Nem nos atrevemos a pensar que assim não seja.
Helena Oliveira
Deputada do PSD na Assembleia da República
ed. 363, 27 de Fevereiro de 2009
ed. 363, 27 de Fevereiro de 2009
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