terça-feira, 10 de março de 2009

Clima: Subida do nível do mar pode ser duas vezes maior que o antecipado - especialistas

10 de Março de 2009, 16:03

Copenhaga, 10 Mar (Lusa) - Especialistas em alterações climáticas advertiram hoje que os estudos mais recentes sobre o aquecimento global revelam que a subida do nível do mar até ao final deste século poderá ser duas vezes maior que o anteriormente projectado.

Em vez das previsões de uma subida do nível do mar de entre 18 a 59 centímetros até ao final do século admitidas no relatório do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) publicado em 2007, os especialistas, reunidos a partir de hoje num congresso em Copenhaga, passaram admitir uma subida dos oceanos que poderá ultrapassar um metro e não deverá nunca ser inferior a 50 centímetros.

O alerta foi lançado na primeira sessão de trabalho do congresso "Alterações Climáticas: Riscos Globais, Desafios e Decisões", que decorre até quinta-feira na Universidade de Copenhaga como preparação para a "cimeira" do clima, que terá lugar também na capital dinamarquesa em Dezembro para tentar encontrar um acordo global sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa para suceder ao Protocolo de Quioto, que expira em 2012.

Um comunicado da organização do congresso - que integra 10 Universidades - diz que os novos números, resultantes de estudos mais aprofundados sobre o impacto do aquecimento global, "significam que se as emissões de gases com efeito de estufa não forem reduzidas rápida e substancialmente, até no melhor cenário a subida do nível do mar atingirá zonas costeiras onde habita cerca de um décimo da população mundial".

A aceleração da fusão de gelos polares e de glaciares devido ao aquecimento global são dois dos principais factores do agravamento das previsões sobre a subida do vível do mar.

Até quinta-feira, serão apresentados no congresso de Copenhaga - que reúne climatologistas, meteorologistas e oceanógrafos, mas também epidemiologistas e economistas - cerca de 1.600 relatórios e documentos de trabalho de cientistas de 80 países.

Qual será a extensão e impacto da subida dos oceanos? A armazenagem do carbono no subsolo é uma solução realista? Como adaptar a produção agrícola ao anunciado aquecimento global? Qual será o lugar das energias renováveis num mundo com menos carbono em 2050? Como antecipar a onda dos "refugiados climáticos"? são algumas das questões em debate a partir de hoje em Copenhaga.

As conclusões do congresso - em que participa o presidente do IPCC, Rajendra Pachauri - serão apresentadas em Dezembro como material de trababalho para a "cimeira do clima" que tentará definir um acordo sucessor do protocolo de Quioto.

Embora as negociações internacionais em curso para encontrar um novo acordo sobre redução das emissões de gases com efeito de estufa enfrentem dificuldades, em particular a questão do financiamento, os objectivos a médio prazo são claros: diminuição em pelo menos 50 por cento das emissões mundiais até 2050, ou seja, uma redução de pelo menos 80 por cento por parte dos países ricos.

JMR.
Lusa/Fim

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