segunda-feira, 9 de março de 2009

Dia da Mulher - Comentário sábio e oportuno de César Pimenta (Belém - Pará - Brasil)

Pimenta disse...

Prezada dona Maria Tereza,
Lendo os pronunciamentos dos “Dez homens” sobre o desempenho universal da mulher, vejo que, em linhas gerais, as mulheres “estão bem na foto”, como se diz aqui no Brasil quando se constata uma perspectiva de sucesso.
O que me causou uma certa surpreza foram, por exemplo, os argumentos de que na ciência, “se há alguma área onde (as mulheres) se destacam será obra do acaso”, assim como a afirmativa de que “as mulheres que chegam ao topo e que conseguem conciliar a investigação de alto nível com a vida familiar são mulheres milagre”.
Parece não haver uma unanimidade nesse arrazoado e nem o ranking da União Interparlamentar nos dá tranqüilidade para assim concluir. Segundo nos dão conta os pronunciamentos das próprias interessadas, emitidos por ocasião de um colóquio ocorrido na Universidade Técnica de Lisboa, (Ciência/Hoje - Marta F. Reis, 13..03.2008) as razões do “insucesso” das mulheres na área da ciência teriam outras conotações mais prementes e importantes:
“De acordo com os participantes (do colóquio), a discriminação das mulheres na ciência tem a ver sobretudo com os processos de manutenção do poder na hierarquia científica. Helena Pereira, vice-reitora da Universidade Técnica de Lisboa e Arménia Carrondo, vice-reitora da Universidade Nova Lisboa, revelaram dados relativos à distribuição por género nos quadros superiores das duas instituições. Segundo as responsáveis, não se percebe por que há uma maioria feminina ao nível dos diplomados no ensino superior e na distribuição por género nos quadros gestão se verifica uma muito menor percentagem de mulheres ou até nenhuma mulher.
A questão defendida é que é importante que haja espaços de poder representados pela condição feminina porque só assim a sua participação nas agendas de investigação, em assuntos como a que áreas devem ser atribuídos fundos, disseram as responsáveis.”
E as reclamações não pararam por aí:
“Para Maria Isabel Romão, da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, a resolução deste problema implica o reconhecimento da investigação e do trabalho estatístico sobre os géneros. "Temos de promover esforços para alcançar uma distribuição equilibrada", disse esta manhã.
Segundo a responsável, a discriminação acaba por ter um efeito bola de neve. No caso da ciência, há pouca visibilidade do trabalho desenvolvido por mulheres cientistas o que, de certa forma, vai influenciar a atracção que as jovens raparigas sentem pelos cursos científicos. Depois realidades como discriminação ao nível dos recrutamentos, da progressão da carreira, na atribuição de bolas e a dificuldade de regressar ao trabalho após um período de interrupção, por exemplo por gravidez, revelam que ainda não há muito a ser feito nesta área.”
Também na área política a dificuldade de a mulher poder trabalhar satisfatoriamente frente ao binômio casa/emprego é a tônica da justificativa da ausência da mulher nessa área.
É importante lembrar que quando Deus “fabricou” a mulher Ele colocou nela, além de outros mais, 3 dotes para enriquecer a personalidade dela: “lutar por aquilo em que acreditam”,.erguer-se contra a injustiça” e “não aceitar um não como resposta quando pensarem que há uma solução melhor”.
Isso é enfatizado no comentário de um dos “Dez Homens”, sobre a mulher na empresa, quando o comentarista afirma que as mulheres “têm menos capacidade para aceitar pontos de vista diferentes quando tomam decisões e têm menos jogo de cintura”.
Acredito que é por aí que começa a dificuldade de conciliação da mulher com a política, cujo arsenal de armamentos está construido em cima do “toma lá, dá cá”.
Divagações à parte, parece-me que a dificuldade proporcionada pelo tal binômio casa/emprego não é justificativa aceitável para explicar o esvasiamento da mulher na política.
Na verdade, a política está impregnada do “cheiro intolerável” dos homens.
Mas, como se fora a ação de um verdadeiro aríete, com boa vontade se consegue afastar essa quase “nauseabundância”.
Num estudo levado a efeito em 2006 por mestrandas em Sociologia da Universidade Federal do Paraná (Brasil), foi reconhecido que a política de cotas, quando bem articulada, traz as mulheres para dentro da política.
O estudo se detém, por exemplo, na situação da Argentina, na América do Sul, que está bem colocada no ranking de participação das mulheres na política:
“Na América Latina, o caso da Argentina merece destaque, pois foi o primeiro país a aplicar uma política de cotas eleitoral em 1991, com posterior emenda à Constituição Nacional em 19943 (?). Argentina ocupa uma posição privilegiada no ranking mundial de participação feminina em cargos legislativos nacionais. Possivelmente um dos fatores que contribuam para isto seja a natureza da lista partidária vigente no país. Segundo Htun (2001), a natureza da lista partidária (aberta ou fechada) é um dos fatores que determinam o sucesso da aplicação de uma política de cotas. A Argentina possui lista fechada, “cada partido controla o posicionamento de seus candidatos na lista. Neste sistema, os eleitores votam nos partidos e não nos candidatos. A quantidade de votos recebida por partido determina quantos candidatos da lista serão eleitos”. (Htun, 2001, p. 227) Além desta regulamentação, no país está vigente uma norma que torna a obrigatoriedade da colocação de mulheres nas listas. A cada terceira posição de uma lista, o espaço deve ser preenchido por uma mulher. Se, por exemplo, um partido estiver concorrendo a somente duas vagas num Distrito, pelo menos um dos candidatos terá de ser mulher. Sem esta norma de obrigatoriedade de posição competitiva para mulheres, como a Costa Rica, a República Dominicana e a Venezuela, a eficácia de cotas tem sido menor. (Htun, 2001, p.227)”
E explica:
“O sucesso de uma política de cotas de gênero está relacionado com a “engenheira institucional” adotada no país. Como vimos, tudo indica que o sucesso da política na Argentina, tem a ver com o tipo de lista e a obrigatoriedade da posição das mulheres nesta.
Como segundo fator, se pode mencionar a cultura política. Os países escandinavos possuem uma tradição forte de presença da mulher em movimentos feministas, além de uma tradição social-democrata e um passado de Welfare State desenvolvido. Estes fatores não podem ser considerados isolados, pois de alguma maneira a política de cotas vem a existir para diminuir a exclusão arraigada historicamente.
O sucesso das políticas de cotas depende, em primeiro lugar, pela maneira como são elaboradas e de como está estruturado o sistema político de cada nação. O bom desempenho do sistema argentino de cotas, por exemplo, se deve basicamente à natureza da lista partidária do país, que é fechada, em que os eleitores votam nos partidos e não nos candidatos. Em segundo lugar, ainda no caso argentino, vale ressaltar as leis complementares às políticas de cotas, como é o caso da obrigatoriedade da colocação de uma mulher a cada três candidatos das listas apresentadas pelo partido. Em terceiro lugar fica a questão da cultura política que permeia todo o sistema político de um país”
(Larissa Rosevics, (Mestranda Sociologia / UFPR) larissa_ri@hotmail.com
María Alejandra Nicolás, (Mestranda Sociologia / UFPR) alejanicolas@hotmail.com
Roberta Carnelos Resende, (Mestranda Sociologia / UFPR) roberta_carnelos@yahoo.com.br)
Por fim, resta a situação da mulher no esporte, atividade na qual, diante da apreciação dos “Dez Homens”, elas “têm piores resultados do que os homens na generalidade dos desportos”.
Graças ao Senhor que assim acontece. Já imaginaram eu dando de encontro, a cada esquina, com uma schwarzenegger feminina ? Pra que lado e em quantos pedaços seria reduzido o “encantamento” ?
Não !. Deixa como está !. Está ótimo assim. Deus sabe o que faz.
SDS
Pimenta
(Belém - Pará - BR)
9 de Março de 2009 16:27

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