Povos sem Estado pedem criação de agenda democrática internacional 01/02/2009 - 9h44m
Palestinos, bascos e outros representantes de povos e nações sem Estado defenderam, no Fórum Social Mundial, em Belém, a criação de uma agenda democrática social com objectivo de acabar com os conflitos armados envolvendo os territórios onde vivem. Eles estiveram reunidos ao longo de toda programação do FSM para debater alternativas capazes de reverter o actual cenário de guerras e confrontos, como os protagonistas Israel e o grupo palestino Hamas na Faixa de Gaza.
Yousef Habash, que faz parte do Comité pela Saúde na Palestina, disse que a criação da agenda poderá garantir a paz aos povos sem Estado. Habash criticou o apoio dado por governos internacionais a Israel, porque, na sua avaliação, isso contribui para a luta armada na região Palestina. 'Israel tem muitos líderes criminosos que devem ser levados à Justiça. Em 2005, Israel bombardeou Gaza com apoio de outros países. Não é Israel contra Gaza, mas contra parte da humanidade. Os israelenses estão matando não só nossos soldados, mas crianças e mulheres de Gaza', disse Habash.
As discussões realizadas no FSM pelos representantes de povos sem Estado tiveram como foco central a defesa do direito a autodeterminação dos povos. Na opinião do presidente do Centro Tamil pelos Direitos Humanos, Kiruba, a luta dos povos não reconhecidos (nações sem Estado) é fundamentalmente por se tratar de uma questão política e cultural.
' O direito democrático dessas pessoas, com capacidade de decidir o que querem, não está sendo respeitado. Um modelo político justo tem que permitir o direito de escolher, seja por meio de referendo, constituições ou mesmo de luta populares. Esses povos só terão sua própria identidade se tiverem suas tradições e costumes preservados ', comentou.
Kiruba disse que essas populações devem ter apoio internacional. ' Os processos de emancipação desses povos precisam da solidariedade internacional, sem injustiças e sem opressão ', declarou. 'A opressão de direitos colectivos e o não reconhecimento de povos e nações sem Estado contribuem para desencadear grandes lutas ', enfatizou Mohammed Fidati, membro da Frente Polisário (Saara Ocidental). ' Já os os processos de luta vitoriosos vão contribuir para a futura cultura de paz no mundo '.
Para Fidati, a agenda democrática deve conter uma estratégia de emancipação dos povos sem estado. Ele também criticou o trabalho da ONU. ' Precisamos de um verdadeiro instrumento de justiça e legalidade para sermos verdadeiramente nações e povos unidos no planeta '.
Índios discutem inserção através do ciberespaço 01/02/2009 - 9h25m
'Sou índia online, web jornalista, ciber activista e pesquisadora', diz a índia Aracé na roda de diálogo que ocorreu na tarde de sexta-feira (30) no Campus da UFPA. Intitulada ' Índios no ciberespaço: a experiência inovadora com meio alternativo de comunicação ', a actividade foi coordenada pelo sociólogo da UFPA, Alexandre Dias; pela antropóloga da UFRJ, Eneida Assis; e pelos índios Alex Pankararu e Ivana Potyra Té.
Por meio do GESAC, programa do Governo Federal coordenado pelo Ministério das Comunicações, a conexão de banda larga chega às comunidades via satélite e permite a interacção entre elas usando o portal ' Índios Online', que desde 2005 vem sendo a experiência dos índios com a Internet. O portal foi caracterizado como um movimento social indígena onde os nativos das comunidades indígenas podem denunciar, pesquisar, mostrar suas dificuldades, adquirir conhecimentos, lutar por seus direitos, além de prestar serviços para a comunidade contribuindo assim para o desenvolvimento da mesma.
O site funciona como uma rede interligada por algumas tribos brasileiras que representam os povos indígenas, já que, segundo Aracé, a imprensa tradicional geralmente distorce a verdadeira realidade dos índios. ' Só o índio pode falar de si mesmo, só ele sabe o que se passa em sua comunidade ', diz a índia. Uma das opções do ' índios online ' é o chat, uma sala de bate papo onde os índios cadastrados podem trocar experiências e, como a ferramenta é mais utilizada por jovens, ela os aproxima da realidade indígena, os faz sentir curiosidade sobre sua origem, além de valorizar sua própria cultura e tradições.
Os índios se cadastram no site, criam login e senha para depois estarem aptos a postar textos a respeito da sua realidade. Não há limite mínimo nem máximo de idade para os índios terem seus textos, arquivos de áudio, fotos e vídeos publicados no site e como não há edição nem selecção dos materiais, as regras sobre o conteúdo que pode ser divulgado depende de cada etnia participante (Pankararu, Xucuru Cariri, Cariri Xocó, Tumbalalá, Kiriri, Tupunambá e Pataxó-Hahãhãe) que estão distribuídas em 20 municípios e seis estados do Brasil.
Os índios acessam a Internet de suas próprias aldeias nas ocas virtuais ou centros digitais. O portal também oferece fóruns temáticos, uma área para o estudo (e-learning) e ferramentas para envio de e-mail's, apropriando-se assim de tecnologias para se unirem e juntos buscarem um futuro melhor para sua etnia.
Fórum discute racismo e intolerância religiosa 01/02/2009 - 9h0m
A diversidade afro-brasileira esteve na pauta do Fórum Social Mundial nesta sexta-feira (30) na palestra ' Religiões de Matriz Africana, contra a (In) tolerância e defesa da cultura negra ', proposta pela Associação dos Filhos e Amigos de Ilê Axé em parceria com o Grupo de Estudos Afro-amazónicos da UFPA (Geam). A actividade contou com a participação de professores convidados e sacerdotes do Candomblé. Segundo um dos palestrastes, professor Renato Soares, militante do Movimento Negro, o racismo é muito subtil e só se cristaliza nas disputas de poder. ' Negro não é grupo minoritário. É minoria apenas nos espaços de tomada de decisão ', diz. Ele falou ainda sobre a discriminação que atinge todas as pessoas e persiste principalmente no campo religioso no que diz respeito às religiões de matriz africana, estigmatizadas secularmente.
De acordo com o professor, as religiões afro são um meio de preservação da cultura negra, de resistência desde os primeiros anos do Brasil, ' o Candomblé foi diabolizado pelo europeu que o estigmatizou como feitiçaria. Feitiço é uma palavra europeia que não existe no Candomblé ', afirma o palestraste. Religiões de Matriz Africana, contra a (In) tolerância e defesa da cultura negra veio discutir e desmistificar concepções erradas em relação à cultura afro, extremamente rica e acolhedora. 'No Candomblé o mal e o bem não existem, são relativos. Não é uma religião dogmática, cada um tem sua própria verdade', enfatiza Renato.
O professor revela que muito do imaginário comum que se tem a respeito do Candomblé deve-se a cultura ocidental que não admite o diferente. ' Durante muito tempo o povo negro foi aniquilado, sentenciado à morte. Inclusive os padrões de beleza europeus construídos aqui contribuíram para a rejeição do povo negro ', conta Renato. Nesse sentido, o militante explica que o conflito, muitas vezes, é necessário para que se estabeleça harmonia e o primeiro passo para a resolução das questões externas é a aceitação interna. ' Se você não tiver consciência de quem é, será seu maior inimigo ', ratifica. Renato finalizou propondo o respeito entre as religiões e a tolerância entre os diferentes pensamentos. ' Segundo conceito, intolerância é a vontade de assegurar aquilo o que sou pela negação do outro como humano ', fala. Ele explica que quando não toleramos, consequentemente discriminamos e reduzimos a condição humana do outro. 'O respeito e a tolerância só podem existir a partir de uma relação de autoridade ', conclui.
Fonte Informativa (notícias acima): ORM - Brasil
Palestinos, bascos e outros representantes de povos e nações sem Estado defenderam, no Fórum Social Mundial, em Belém, a criação de uma agenda democrática social com objectivo de acabar com os conflitos armados envolvendo os territórios onde vivem. Eles estiveram reunidos ao longo de toda programação do FSM para debater alternativas capazes de reverter o actual cenário de guerras e confrontos, como os protagonistas Israel e o grupo palestino Hamas na Faixa de Gaza.
Yousef Habash, que faz parte do Comité pela Saúde na Palestina, disse que a criação da agenda poderá garantir a paz aos povos sem Estado. Habash criticou o apoio dado por governos internacionais a Israel, porque, na sua avaliação, isso contribui para a luta armada na região Palestina. 'Israel tem muitos líderes criminosos que devem ser levados à Justiça. Em 2005, Israel bombardeou Gaza com apoio de outros países. Não é Israel contra Gaza, mas contra parte da humanidade. Os israelenses estão matando não só nossos soldados, mas crianças e mulheres de Gaza', disse Habash.
As discussões realizadas no FSM pelos representantes de povos sem Estado tiveram como foco central a defesa do direito a autodeterminação dos povos. Na opinião do presidente do Centro Tamil pelos Direitos Humanos, Kiruba, a luta dos povos não reconhecidos (nações sem Estado) é fundamentalmente por se tratar de uma questão política e cultural.
' O direito democrático dessas pessoas, com capacidade de decidir o que querem, não está sendo respeitado. Um modelo político justo tem que permitir o direito de escolher, seja por meio de referendo, constituições ou mesmo de luta populares. Esses povos só terão sua própria identidade se tiverem suas tradições e costumes preservados ', comentou.
Kiruba disse que essas populações devem ter apoio internacional. ' Os processos de emancipação desses povos precisam da solidariedade internacional, sem injustiças e sem opressão ', declarou. 'A opressão de direitos colectivos e o não reconhecimento de povos e nações sem Estado contribuem para desencadear grandes lutas ', enfatizou Mohammed Fidati, membro da Frente Polisário (Saara Ocidental). ' Já os os processos de luta vitoriosos vão contribuir para a futura cultura de paz no mundo '.
Para Fidati, a agenda democrática deve conter uma estratégia de emancipação dos povos sem estado. Ele também criticou o trabalho da ONU. ' Precisamos de um verdadeiro instrumento de justiça e legalidade para sermos verdadeiramente nações e povos unidos no planeta '.
Índios discutem inserção através do ciberespaço 01/02/2009 - 9h25m
'Sou índia online, web jornalista, ciber activista e pesquisadora', diz a índia Aracé na roda de diálogo que ocorreu na tarde de sexta-feira (30) no Campus da UFPA. Intitulada ' Índios no ciberespaço: a experiência inovadora com meio alternativo de comunicação ', a actividade foi coordenada pelo sociólogo da UFPA, Alexandre Dias; pela antropóloga da UFRJ, Eneida Assis; e pelos índios Alex Pankararu e Ivana Potyra Té.
Por meio do GESAC, programa do Governo Federal coordenado pelo Ministério das Comunicações, a conexão de banda larga chega às comunidades via satélite e permite a interacção entre elas usando o portal ' Índios Online', que desde 2005 vem sendo a experiência dos índios com a Internet. O portal foi caracterizado como um movimento social indígena onde os nativos das comunidades indígenas podem denunciar, pesquisar, mostrar suas dificuldades, adquirir conhecimentos, lutar por seus direitos, além de prestar serviços para a comunidade contribuindo assim para o desenvolvimento da mesma.
O site funciona como uma rede interligada por algumas tribos brasileiras que representam os povos indígenas, já que, segundo Aracé, a imprensa tradicional geralmente distorce a verdadeira realidade dos índios. ' Só o índio pode falar de si mesmo, só ele sabe o que se passa em sua comunidade ', diz a índia. Uma das opções do ' índios online ' é o chat, uma sala de bate papo onde os índios cadastrados podem trocar experiências e, como a ferramenta é mais utilizada por jovens, ela os aproxima da realidade indígena, os faz sentir curiosidade sobre sua origem, além de valorizar sua própria cultura e tradições.
Os índios se cadastram no site, criam login e senha para depois estarem aptos a postar textos a respeito da sua realidade. Não há limite mínimo nem máximo de idade para os índios terem seus textos, arquivos de áudio, fotos e vídeos publicados no site e como não há edição nem selecção dos materiais, as regras sobre o conteúdo que pode ser divulgado depende de cada etnia participante (Pankararu, Xucuru Cariri, Cariri Xocó, Tumbalalá, Kiriri, Tupunambá e Pataxó-Hahãhãe) que estão distribuídas em 20 municípios e seis estados do Brasil.
Os índios acessam a Internet de suas próprias aldeias nas ocas virtuais ou centros digitais. O portal também oferece fóruns temáticos, uma área para o estudo (e-learning) e ferramentas para envio de e-mail's, apropriando-se assim de tecnologias para se unirem e juntos buscarem um futuro melhor para sua etnia.
Fórum discute racismo e intolerância religiosa 01/02/2009 - 9h0m
A diversidade afro-brasileira esteve na pauta do Fórum Social Mundial nesta sexta-feira (30) na palestra ' Religiões de Matriz Africana, contra a (In) tolerância e defesa da cultura negra ', proposta pela Associação dos Filhos e Amigos de Ilê Axé em parceria com o Grupo de Estudos Afro-amazónicos da UFPA (Geam). A actividade contou com a participação de professores convidados e sacerdotes do Candomblé. Segundo um dos palestrastes, professor Renato Soares, militante do Movimento Negro, o racismo é muito subtil e só se cristaliza nas disputas de poder. ' Negro não é grupo minoritário. É minoria apenas nos espaços de tomada de decisão ', diz. Ele falou ainda sobre a discriminação que atinge todas as pessoas e persiste principalmente no campo religioso no que diz respeito às religiões de matriz africana, estigmatizadas secularmente.
De acordo com o professor, as religiões afro são um meio de preservação da cultura negra, de resistência desde os primeiros anos do Brasil, ' o Candomblé foi diabolizado pelo europeu que o estigmatizou como feitiçaria. Feitiço é uma palavra europeia que não existe no Candomblé ', afirma o palestraste. Religiões de Matriz Africana, contra a (In) tolerância e defesa da cultura negra veio discutir e desmistificar concepções erradas em relação à cultura afro, extremamente rica e acolhedora. 'No Candomblé o mal e o bem não existem, são relativos. Não é uma religião dogmática, cada um tem sua própria verdade', enfatiza Renato.
O professor revela que muito do imaginário comum que se tem a respeito do Candomblé deve-se a cultura ocidental que não admite o diferente. ' Durante muito tempo o povo negro foi aniquilado, sentenciado à morte. Inclusive os padrões de beleza europeus construídos aqui contribuíram para a rejeição do povo negro ', conta Renato. Nesse sentido, o militante explica que o conflito, muitas vezes, é necessário para que se estabeleça harmonia e o primeiro passo para a resolução das questões externas é a aceitação interna. ' Se você não tiver consciência de quem é, será seu maior inimigo ', ratifica. Renato finalizou propondo o respeito entre as religiões e a tolerância entre os diferentes pensamentos. ' Segundo conceito, intolerância é a vontade de assegurar aquilo o que sou pela negação do outro como humano ', fala. Ele explica que quando não toleramos, consequentemente discriminamos e reduzimos a condição humana do outro. 'O respeito e a tolerância só podem existir a partir de uma relação de autoridade ', conclui.
Fonte Informativa (notícias acima): ORM - Brasil
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