domingo, 15 de fevereiro de 2009

Em defesa da mata nacional de Coimbra


Lusa
Foto: Carla Carvalho Tomás (arquivo)

O Choupal é o principal pulmão de Coimbra

Perto de 1.300 pessoas formaram hoje um cordão no Choupal, em Coimbra, num abraço simbólico de defesa da mata nacional e protestando contra a passagem de um viaduto sobre o espaço verde e de lazer.

Organizado pelo movimento cívico Plataforma do Choupal - constituído para impedir a passagem do viaduto na mata, conforme previsto no novo traçado do IC2 -, o cordão humano foi formado por cidadãos anónimos e figuras da cidade, tendo também a participação das deputadas do Bloco de Esquerda e do PS Alda Macedo e Teresa Portugal, respectivamente.

Sob aplausos dos participantes, o cordão formou-se em torno de "uma área importante do Choupal", referiu Luís Sousa, do movimento cívico, ao manifestar a sua satisfação com a adesão à iniciativa e ao avançar com a estimativa das 1.300 pessoas.

Construção de viaduto vs ambiente
"O traçado do IC2 vai matar aquelas árvores e ter um grande impacte ambiental no Choupal. Cresci aqui, os meus filhos praticam desporto aqui",
disse Ana Caldeira, uma bibliotecária de Coimbra que vive no Monte Formoso, em frente à mata nacional, e que se integrou hoje na multidão de crianças e adultos, a pé, de triciclo e de bicicleta, que acorreram à acção organizada pelo movimento cívico.

Esta acção teve por objectivo "impedir que a Mata Nacional do Choupal seja irremediavelmente afectada pela construção de um viaduto rodoviário com 40 metros de largura e que a atravessa numa extensão de 150 metros", segundo uma nota da Plataforma.

Apelo aos "decisores públicos"
"Gostávamos de ter mais pessoas, mas estou muito satisfeito. Apelo aos decisores públicos para que tenham o bom senso de travar esta decisão irracional do ponto de vista rodoviário e atentatória para Coimbra",
defendeu o arquitecto.

O biólogo Jorge Paiva, o antigo director da Polícia Judiciária Santos Cabral, o director dos Serviços Sociais da Universidade de Coimbra, Luzio Vaz, os deputados municipais do Bloco de Esquerda Catarina Martins e Serafim Duarte, os membros do Movimento de Intervenção e Cidadania Maria do Rosário Gama e Elísio Estanque, o candidato da CDU à Câmara de Coimbra, Francisco Queirós, o presidente da Junta de Freguesia dos Olivais, Francisco Andrade, sindicalistas, professores e advogados, foram alguns dos participantes na acção.

"Venho como cidadã, é o Choupal que me traz aqui. Não há bom conimbricence que não queira defender o Choupal. As razões que levaram a esta obra são do consenso geral, a ponte do açude está sobrecarregada. Mas porque há-de ser aqui?", declarou a deputada socialista eleita por Coimbra Teresa Alegre Portugal.
Segundo a parlamentar, "o Governo socialista procurou responder a uma necessidade que lhe foi posta - não quer dizer que tenha encontrado a solução ideal".


O Choupal

A deputada do Bloco de Esquerda Alda Macedo lembrou os dois requerimentos apresentados ao governo pelo seu grupo sobre esta matéria e defendeu que o Choupal "é um espaço privilegiado, que tem de ser defendido e preservado".

"Não deve ser perturbado, porque há alternativas", disse a deputada, ao enaltecer a "iniciativa cidadã" de hoje.
Para o presidente do Conselho da Cidade de Coimbra, José Dias, "não houve uma discussão atempada nem aprofundada" da questão.
Lusa

Comentários:

Choupal
Por Zenabo – Leiria
Ainda hei-de ver o jardim da Sereia transformado em condomínio fechado, estes autarcas de Norte a Sul do Sítio só querem é destruir tudo quanto cheire a espaços verdes, já tenho dito e continuo a martelar, Coimbra, Leira, Porto, Lisboa, etc. etc. etc. se não fossem os homens que havia á 40/50 anos não tinha-mos nem sequer um jardim digno desse nome, porque esta gente só pensa mesmo é em destruir tudo, e quem ganha com esses negócios? Não me digam que é o Sócrates, e o resto são todos bons rapazes, nem os chaparros como se diz no Alentejo profundo, escapam á verocidade desta será gente ou seita? Não tenho palavras para classificar o que tem sido feito no nosso Sítio desde há 35 anos para cá.
BASTA!
Por Ana Cristina – Coimbra
Participei neste cordão humano e eram seguramente 2000 pessoas. Sou absolutamente contra a construção do viaduto sobre o Choupal. O Choupal já perdeu nos últimos 30 anos cerca de 20% da sua área, chegou o momento de dizer: BASTA! Procurem alternativas, mas por ali certamente não.

DO CHOUPAL ATÉ À LAPA
Por Eduardo santa cruz – Sintra
… Como é que um possível atropelo a um património de Coimbra, cantado por Zeca e que é referência da população da cidade, seja tratado com tanta indiferença? Onde ficou o Sr. Governador Civil? E o Presidente da Câmara? E os outros? A bota não bate com perdigota. E o Choupal vai continuar até à lapa, mas com qualquer coisa por cima! Pode ser que não seja uma lápide!!! Desculpa lá qualquer coisinha, Zeca!

1 comentário:

Anónimo disse...

Caríssima dona Maria Tereza,

A impressão que nos passam os dirigentes de hoje é que eles têm um enfoque diferente daqueles dirigentes do passado.

Nós, aqui na nossa cidade, dispomos de 4 áreas urbanas que foram, ou especificamente, ou inclusive, criadas para funcionar como oxigenadoras, numa época em que a população da cidade era de apenas 7% da de hoje.

São duas praças e dois parques, totalizando cerca de 40 hectares, criadas numa época em que a população de Belém era inferior a 100.000 habitantes.

A mais recente dessas áreas foi acabada e entregue ao publico em 1904 e as três outras começaram a funcionar antes, ainda no século XIX.

E tenho certeza que, mesmo com o crescimento espantoso da população e do numero de unidades automotivas, se algum dirigente pretendesse alterar essas áreas para fazer passar por elas alguma via de tráfego a reação seria imediata.

Agora mesmo está sendo modificado o traçado de trânsito de uma das avenidas (av 25 de setembro) para facilitar o escoamento do tráfego e já a população se levantou para que não sejam mexidas as árvores que hoje guarnecem tal via pública.

É muito justa, assim, a reação da população de Coimbra para não ver mais um "intruso" nessa área da cidade que tem atendido às necessidades mais nobres dela. Nós aqui no Brasil temos uma expressão que traduz bem o perigo dessas alterações: "Para roubar ou coçar é só começar".

Mas, muito embora eu não tenha a menor condição de dar palpite em assunto dessa natureza, seja em função do desconhecimento técnico, seja em função da distância e da falta de informações mais detalhadas, acredito que, diante de alguma situação inevitável, poderia ser adotada uma "solução de compromisso".

Essa solução seria fazer passar a nova via de tráfego por sobre àquela que já ali existe (uma via férrea, ao que parece), mantendo praticamente inalterados os pontos de início e de fim.

Com isso não seria criado mais um ponto de degradação na área, além daquele que já ali existe.

É uma solução muito comum hoje em dia.

Enfim, faço votos para que a reclamação da população seja ouvida.

SDS Pimenta (Belém-Pará BR)