terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Setúbal: abate de sobreiros tinha como contrapartida a plantação de 20 mil árvores

Quercus interpôs providência cautelar para interromper corte

13.02.2009 - 20h18 Lusa

O Ministério da Agricultura justificou hoje a autorização dada pela Autoridade Florestal Nacional (AFN) para o abate de 1300 sobreiros em Setúbal com a contrapartida de plantação de mais de vinte mil árvores dada pelo promotor.Em comunicado, o ministério afirma ainda que o abate, iniciado na manhã da passada quarta-feira, foi interrompido cerca do meio-dia quando o Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa notificou para parar o corte dos sobreiros, na sequência de uma providência cautelar interposta pela associação ambientalista Quercus.A Quercus tinha hoje considerado que "há motivos para investigar a actuação dos responsáveis da AFN" por terem permitido o abate dos sobreiros apesar de terem sido informados pela associação de que corria uma providência cautelar, levando a que fosse cortada "grande parte" das árvores até ter chegado ao Ministério da Agricultura a notificação do tribunal.O ministério de Jaime Silva afirma por seu turno que "a AFN autorizou o abate de sobreiros tendo como contrapartida um Plano de Compensações que ultrapassa largamente os mínimos exigidos por lei", obrigando o promotor a plantar "20.850 sobreiros numa área de 50 hectares em Vendas Novas".Ainda segundo o ministério, a decisão da AFN de autorizar o abate de 1331 sobreiros na Quinta do Vale da Rosa surgiu só depois de consagrado o Plano de Compensações e de a Câmara de Setúbal ter aprovado um plano de pormenor para a zona.A Quercus recorda que o Plano de Pormenor do Vale da Rosa viabiliza os loteamentos privados na área da denominada "Nova Setúbal", bem como a construção de um centro comercial na área de maior concentração de árvores.Em contrapartida, além da plantação de mais de vinte mil árvores noutro local, o promotor cortou "um eucaliptal que permitiu pôr a descoberto cerca de mil sobreiros, permitindo um melhor desenvolvimento destas árvores", é referido no comunicado do Ministério da Agricultura."Ao contrário dos sobreiros de Setúbal, situados numa zona urbana, os novos sobreiros estão numa zona rural" com melhores condições de clima e solos, acrescenta o ministério.O projecto contempla também a construção faseada de 7500 fogos e de um Complexo Desportivo, onde se inclui o futuro estádio municipal, que a autarquia sadina se comprometeu a ceder ao Vitória de Setúbal, e que poderá estar em causa devido à providência cautelar.O Bloco de Esquerda tinha acusado quinta-feira em comunicado o projecto do Vale da Rosa de "encobrir um negócio obscuro, em que são protagonistas os interesses imobiliários, os dirigentes políticos locais e os dirigentes do Vitória de Setúbal".

COMENTÁRIOS:

15.02.2009 - 12h17 - helena costa, Porto
1º - Neste País, as contrapartidas dos empreiteiros não se cumprem. 2º - Mesmo que supostamente o fizessem, 20 mil ou 100 mil árvores a plantar demorarão 100 anos a ter a mesma estrutura e compleição, daquelas que agora se abatem. 3º - Só os políticos é que pensam que os portugueses são burros, não pensam, esquecem-se depressa. 4º - Quão enganados estão 5º - Vão provar-lhes isso mesmo em Outubro deste ano.

15.02.2009 - 02h10 - Flip, Philadelphia
Não se entende... os americanos já perceberam que os subúrbios da "casinha com relvado e garagem" só causam problemas económicos, pois são ineficazes ao nível energético. Porque é que em Portugal, a fórmula dos "baby-boomers" iria funcionar melhor?... Ainda para mais com esta crise. Estão a destruir das poucas coisas que ainda se pode dizer que fazem parte da riqueza natural do País. Resta o sol, mas isso não faz parte das nossas exportações... Centro comercial em S.Bento, já!

Sem comentários: