domingo, 22 de novembro de 2009
sábado, 21 de novembro de 2009
António Feijó: Vida e obra do poeta maior de Ponte de Lima
CL João Maria Carvalho
O companheiro past-presidente, João Maria Carvalho, no uso a palavra, fez uma resenha da Vida e Obra do poeta António Feijó, tendo ilustrado a sua eloquente apresentação com a amostragem de diversos livros do poeta e com um filme didáctico realizado a meio da década de oitenta, onde muitos sócios se reviram com saudade, nomeadamente o companheiro Tito Morais, que participou no filme e o companheiro presidente fundador, Francisco Abreu Lima, que há altura era presidente da Câmara Municipal e muito colaborou para a recuperação do espólio do poeta.
O CL Tito de Morais, como historiador e autor do livro “No rasto de António Feijó em Estocolmo e Paris”, do qual fez a sua pré-apresentação, desenvolveu uma valorosa oratória sobre a vida e a obra de Feijó.
Recordar o Lionismo e António Feijó
Depois de nos meses anteriores ter acertado o plano de actividades, elegido a comissão de sócios e as comissões actividades, assim como ter sorteado as representações do Clube, no último dia 9 (nove), deste mês de Novembro, conforme o programado, reuniram-se num recomendado restaurante da zona alta da vila, os sócios do Lions Clube, convidados e imprensa para relembrar a criação do Lionismo e os 150.º aniversário do nascimento do poeta e diplomata limiano António Feijó, a sua vida e a sua obra.
O presidente do clube, CL Sérgio Gonçalves, deu início à sessão quando eram 20:30 Horas, tendo dado as boas vindas a todos e convidou os companheiros Abreu Lima, Victor Mendes e João Maria Carvalho para a saudação às bandeiras. O Código de Ética e os Objectivos do Lionismo foram ditos pela Teresa Morais e pela Fernanda Bezerra.
O companheiro Sérgio Gonçalves, fez uma resenha da actividade prevista para a noite, apresentou os oradores e propôs um voto de felicitação pela recente eleição e tomada de posse como presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima, do companheiro Victor Mendes, que fez questão de estar neste evento na sua qualidade de sócio do clube. Todos os sócios e demais presentes aprovaram o voto proposto, com uma enorme salva de palmas.
Após terem sido distribuídos um resumo da história do lionismo internacional, o código de ética e os objectivos por todos os companheiros lions presentes, o companheiro presidente passou a sessão ao companheiro past-presidente, João Maria Carvalho, que fez uma resenha da Vida e Obra do poeta António Feijó, tendo ilustrado a sua eloquente apresentação com a amostragem de diversos livros do poeta e com um filme didáctico realizado a meio da década de oitenta, em muitos sócios se reviram com saudade, nomeadamente o companheiro Tito Morais, que participou no filme, e o companheiro presidente fundador, Francisco Abreu Lima, que há altura era presidente da Câmara Municipal e muito colaborou para a recuperação do espólio do poeta.
O CL João Maria, enalteceu a qualidade da obra literária de Feijó e lembrou o carinho que o Lions Clube tem posto na divulgação e reconhecimento da obra do poeta. A homenagem prestada, em 2007, com colocação de uma lápide no local onde o poeta nasceu e a romagem ao cemitério municipal são exemplos desse carinho.
Seguidamente o companheiro professor de literatura, deu a palavra ao companheiro Tito Morais, que como historiador e autor do livro “No rasto de António Feijó em Estocolmo e Paris”, do qual fez a sua pré-apresentação, desenvolveu uma valorosa oratória sobre a vida e a obra de Feijó.
Lions Clube de Ponte de Lima
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
O DIREITO À VELHICE
domingo, 15 de novembro de 2009
LOJA DE NATAL - LIONS CLUBE DA BOAVISTA
Como já vem sendo hábito a "Loja de Natal do LC Boavista" estará recheada de artigos de marca, a preços irresistíveis e decorrerá até dia 20 de Dezembro.
Iremos ter quadros de reconhecidos artistas
A receita reverterá para a Festa de Natal que estamos a patrocinar para Crianças com necessidades especiais, do agrupamento Escolar Leonardo Coimbra
Visite-nos e se puderem, divulguem também esta inciativa junto dos vossos contactos.
LIONS CLUBE DA BOAVISTA
DIA INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS
"Nunca desvalorices a nadie
Guarda a cada persona dentro de tu corazón
Porque un día podrás acordarte
Y percibir que perdiste un diamante
Cuando estabas muy ocupado coleccionando piedras".
sábado, 7 de novembro de 2009
Lions Clube de Ponte de Lima e a Vida e Obra de António Feijó
CLEÓPATRA
A José Coelho da Mota Prego
Como a concha de nácar luminoso
Em que Vénus surgiu, risonha e nua,
A Galera vogava ao sol radioso
Com a graça dum Cisne que flutua.
Soltas ao vento as velas de brocado,
Ao som das Liras, sobre o rio imenso,
Dos remos de oiro e de marfim sulcado,
O destino do Mundo ia suspenso!
Como nuvens correndo, as horas passam;
Já se divisa o porto; o Sol declina,
E enquanto as velas, marinheiros, cassam,
Ela que um sonho de poder domina,
Diante do espelho, a reflectir, perscruta
Do seu corpo a beleza profanada,
Como o rufião nocturno, antes da luta,
Examinando a lâmina da espada!
António Feijó, Sol de Inverno, 1922
A LENDA DOS CISNES
A Júlio Dantas
Gedulde Dich, stilles, hoffendes Herze!
Was Dir im Leben versagt ist, weil Du
es nicht ertragen könntest, giebt Dir
der Augenblick Deines Todes.
António Feijó, Sol de Inverno, 1922
HERDER
Da praia longínqua, na areia doirada,
O Cisne pensava, fitando a Alvorada:
– «Que imensa ventura, na minha mudez,
Se dado me fosse cantar uma vez!
Meu canto seria, na luz do arrebol,
Dos hinos mais altos à glória do Sol...
Não é das gaivotas e gansos do lago
O canto que em sonhos ardentes afago;
É quando nos bosques as aves escuto
Que a inveja confrange minha alma de luto.
Se a Aurora se lança do cume dos montes,
Até de alegria murmuram as fontes;
Só eu, passeando o meu tédio supremo,
Nem rio, nem choro, nem canto, nem gemo.
O Sol, que já vejo surgindo do Mar,
Tem dó de quem, mudo, não pode cantar!» –
E o Cisne, em silêncio, chorava, escutando
A orquestra das aves que passam em bando.
Das águas rompia a quadriga de Apolo,
E o pobre a cabeça escondia no colo...
Mas Febo detém-se nas nuvens ao vê-lo,
Com feixes de raios no fulvo cabelo,
E diz-lhe, sorrindo, num halo de fogo:
– «No Olimpo sagrado ouviu-se o teu rogo...» –
E nesse momento a Lira Sem Par
Da mão luminosa deixou resvalar...
O Cisne, orgulhoso da graça divina,
Da Lira de Apolo as cordas afina,
E rompe cantando... Calaram-se as fontes,
Calaram-se as aves... As urzes dos montes
Tremiam de gozo a ouvi-lo cantar...
E o vento sonhava na espuma do Mar.
O Cisne cantava, tirando da Lira
Um hino que nunca na terra se ouvira;
Não pára, nem sente, na sua emoção,
Que a vida lhe foge naquela canção.
Mas quando, entre nuvens, a tarde caía
no enlevo do canto que a essa hora gemia,
E Apolo no seio de Tétis desceu,
O pobre do Cisne, cantando, morreu...
Gemeram as aves; choraram as fontes;
Torceu-se nas hastes a giesta dos montes,
E o mar soluçava na tarde sombria,
Que o manto de luto com astros tecia.
Solícita espera-o, das águas à beira,
Do Cisne, já morto, fiel companheira;
Espera que o Esposo de pronto regresse,
Mas treme e suspira, que a Noite já desce...
As águas luzentes parecem-lhe, ao vê-las,
Um pano de enterro picado de estrelas.
Então, no seu luto, sentindo que morre,
Oceanos e praias distantes percorre;
Mergulha nas águas, coleia nas ondas,
Espreita as galeras de velas redondas,
Que ao longe parece que vão a voar...
E o Cisne não volta, não pode voltar!
Chorosa viúva, nas águas desliza,
Levada na fresca salsugem da brisa...
No seu abandono nem sente canseira;
Caminha, caminha, fiel companheira,
Chorando o perdido, desfeito casal...
Tão funda era a mágoa, tão grande o seu mal,
Que o peito sentindo de dor estalar,
– De dor e de angústia começa a cantar!
E canta com tanta ternura e paixão,
Que a Vida lhe foge naquela canção.
As aves despertam; calaram-se as fontes
Nas hastes tremiam as urzes dos montes;
A Lua escutava; detinha-se a Aurora,
E as vagas gemiam no vento que chora...
Na terra, no espaço, nos astros, no céu,
Mais alta harmonia ninguém concebeu;
E os Deuses recebem, ouvindo-a, a chorar,
A alma do Cisne que expira a cantar...
Desde esse momento, no Olimpo onde entraram,
Em honra dos Cisnes que tanto se amaram,
Das almas que foram leais e sinceras,
se Vénus se mostra, surgindo da bruma,
São eles que tiram, nas altas esferas,
A concha de nácar, cercada de espuma...
António Feijó, Sol de Inverno, 1922
O AMOR E O TEMPO
Pela montanha alcantilada
Todos quatro em alegre companhia,
O Amor, o Tempo, a minha Amada
E eu subíamos um dia.
Da minha Amada no gentil semblante
Já se viam indícios de cansaço;
O Amor passava-nos adiante
E o Tempo acelerava o passo.
– «Amor! Amor! mais devagar!
Não corras tanto assim, que tão ligeira
Não corras tanto assim, que tão ligeira
Não pode com certeza caminhar
A minha doce companheira!»
Súbito, o Amor e o Tempo, combinados,
Abrem as asas trémulas ao vento...
– «Por que voais assim tão apressados?
Onde vos dirigis?» – Nesse momento.
Volta-se o Amor e diz com azedume:
– «Tende paciência, amigos meus!
Eu sempre tive este costume
De fugir com o Tempo... Adeus! Adeus!»
António Feijó, Sol de Inverno, 1922
TIMIDEZ DE AMOR
Perguntas donde vem a timidez estranha,
Este quase terror com que te falo e escuto,
Como se a sombra hostil duma grande montanha,
Que se erguesse entre nós, me cobrisse de luto.
Ignoras a razão deste absurdo respeito
Com que te beijo a mão, que estendes complacente,
Fria do ardor que tens concentrado no peito,
Que mão fria é sinal de coração ardente.
E admiras-te de ver que os olhos baixo e tremo,
– Se passas como um sol de plantas cercado –
Sem dar mostras sequer desse orgulho supremo
De quem se sente eleito entre todos, e amado!
Não podes conceber que uma paixão tão alta
Se vista de recato ou de pudor mesquinho...
Mas, se é sincero, o Amor só a ocultas se exalta,
Faz – se tanto maior quanto é discreto o ninho.
E tudo o que crês fingida gravidade
É uma íntima oblação, pois nas almas piedosas
O Verdadeiro Amor é feito de humildade:
Sobre o anel nupcial não há pedras preciosas.
António Feijó, Sol de Inverno, 1922
EU E TU...
Dois! Eu e Tu, num ser indissolúvel! Como
Brasa e carvão, centelha e lume, oceano e areia,
Aspiram a formar um todo,– em cada assomo
A nossa aspiração mais violenta se ateia...
Como a onda e o vento, a lua e a noite, o orvalho e a selva,
– O vento erguendo a vaga, o luar doirando a noite,
Ou o orvalho inundando as verduras da relva –
Cheio de ti, meu ser d'eflúvios impregnou-te!
Como o lilás e a terra onde nasce e floresce,
O bosque e o vendaval desgrenhando o arvoredo,
O vinho e a sede, o vinho onde tudo se esquece,
– Nós dois, d'amor enchendo a noite do degredo,
Como parte dum todo, em amplexos supremos
Fundindo os corações no ardor que nos inflama,
Para sempre um ao outro, Eu e Tu pertencemos,
Como se eu fosse o lume e tu fosses a chama.
António Feijó, Sol de Inverno, 1922
FÁBULA ANTIGA
No princípio do mundo o Amor não era cego;
Via mesmo através da escuridão cerrada
Com pupilas de Lince em olhos de Morcego.
Mas um dia, brincando, a Demência, irritada,
Num ímpeto de fúria os seus olhos vazou;
Foi a Demência logo às feras condenada,
Mas Júpiter, sorrindo, a pena comutou.
A Demência ficou apenas obrigada
A acompanhar o Amor, visto que ela o cegou,
Como um pobre que leva um cego pela estrada.
Unidos desde então por invisíveis laços
Quando a Amor empreende a mais simples jornada,
Vai a Demência adiante a conduzir-lhe os passos
António Feijó, Sol de Inverno, 1922